Ucrânia e discurso de ódio aquecem debate a quatro com João liberal vs João comunista
João Cotrim de Figueiredo e João Oliveira assumiram grande parte do confronto no debate a quatro na SIC. Tânger Corrêa assumiu posição “de princípio” em defesa da Ucrânia num grupo pró-Rússia
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Por vezes, pareceu que só havia dois candidatos em debate: João Oliveira, da CDU, e João Cotrim de Figueiredo, da IL, estiveram em desacordo desde o início sobre as soluções para o crescimento económico da União Europeia e a divergência acabou por deflagrar na questão da guerra da Ucrânia.
O comunista João Oliveira defendeu o diálogo para a paz, considerando que o “mundo já gasta dinheiro a mais em armas,” visão considerada “lírica e irresponsável” por João Cotrim de Figueiredo.
“Enquanto houver no espaço europeu e mundial tiranos e tiranetes, imperialistas, agressivos, sanguinários, disponíveis a sacrificar o seu povo e o dos outros para missões pessoais, o mundo democrático e livre tem obrigação de se defender”, vincou o candidato liberal, insinuando que o PCP teria amizade com o regime de Putin, ouvindo de João Oliveira: “Não seja ofensivo nem mentiroso.”
O candidato da CDU diria mesmo acreditar “tanto nos planos da Rússia para controlar a Europa como acredito nas armas de destruição massiva do Iraque, isso é um discurso para alimentar a guerra”.
No debate, António Tânger Corrêa foi confrontado com o facto de ir integrar um grupo pró-Rússia no Parlamento Europeu. O candidato do Chega garante que o partido “nunca foi pró-Rússia” e afirmou que o posicionamento do partido “à partida” será de apoio à Ucrânia, garantindo mais à frente que "podem contar com o Chega para defender a Ucrânia de corpo inteiro".
Pedro Fidalgo Marques assumiu o PAN como “o adulto na sala”, defendendo que a Europa deve estar preparada para apoiar a Ucrânia e que devem existir “forças de intervenção rápida multinacionais".
Outro dos temas em debate foi a eventual a imposição de limites à liberdade de expressão, rejeitada por todos os candidatos embora tenham divergido nas soluções para combater a desinformação.
Pedro Fidalgo Marques, do PAN, defendeu que “tem de haver uma linha vermelha no discurso de ódio, porque o discurso de ódio mata”.
Já o cabeça de lista do Chega queixou-se que o discurso do Chega é encarado como “mau, tem de ser atacado, ostracizado”, criticando quem coloca “linhas vermelhas,” as “agendas ‘woke’ e outro tipo de radicalismos que são nocivos para evolução das democracias”, defendendo que "em democracia quem manda são as maiorias.”
O liberal João Cotrim de Figueiredo alertou que se pode “cair no risco de, a propósito do combate à desinformação, limitar a expressão das pessoas”, defendendo a aposta na verificação de factos (fact checking), mas João Oliveira lembrou que “a solução do ‘fact checking’ isolada não resolve grande coisa, é uma secretaria de Estado da verdade.”