"Um autêntico disparate." Sousa e Castro critica declarações de Marcelo sobre ex-colónias
No Fórum TSF, o capitão de Abril diz que o Presidente da República "está a colher os frutos do populismo exacerbado que ele levou à prática, sem nenhum sentido de Estado".
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O coronel Rodrigo de Sousa e Castro, um dos capitães de Abril, criticou esta segunda-feira o Presidente da República pelas declarações que fez num encontro com jornalistas estrangeiros, onde admitiu reparações financeiras de Portugal às ex-colónias, e elogiou os chefes de Estado dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que estiveram presentes nas cerimónias dos 50 anos do 25 de Abril.
"Nenhum deles falou nisso. Ele foi só por respeito. É que eles não pensam nisso. O problema do nosso Presidente, sobretudo neste segundo mandato, ele está a colher os frutos do populismo exacerbado que ele levou à prática, sem nenhum sentido de Estado. Ao dessacralizar a função presidencial e sendo ele uma pessoa que não pode estar clara, ele tem forçosamente de dizer disparates. O que ele disse, a seco, sem nenhum contexto, sem nenhum enquadramento, sem nenhuma conferência, sem nenhuma negociação, é um autêntico disparate", disse o capitão de Abril no Fórum TSF.
Já Vítor Ramalho, secretário-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sublinhou as afirmações de Sousa e Castro e exalta a instituição que lidera.
"A CPLP é a única instituição mundial que alberga todos os países que falam a mesma língua de um país que colonizou outros territórios. Mais nenhum tem. A Commonwealth, desde logo, não tem os Estados Unidos da América que falam inglês, como é evidente, nem nunca terá. A Espanha para ter relações com a América Latina, como sabe, tem as relações iberoamericanas, porque Portugal não pode deixar de estar presente, beneficiando o Brasil. A Holanda não tem nada de semelhante, a Bélgica nada de semelhante e a própria francofonia, a composição e os estatutos são completamente diferentes da CPLP. Isso dá conta de uma especificidade que resulta exatamente, a meu ver, muito desta luta comum contra a ditadura. O único país europeu que, ao descolonizar, tinha uma ditadura e, portanto, isso deu uma composição diferente", considera.
Vítor Ramalho destaca ainda que, para olhar para o futuro, é preciso ter memória.
