"Um helicóptero é insuficiente." Proteção Civil pede reforço de meios de combate a incêncios na Madeira
Duarte da Costa mostra-se convencido que o incêndio na Madeira, que se propagou entre os dias 14 e 26 de agosto, poderia ter sido diferente "se existissem outros meios" de ataque disponíveis
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O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte da Costa, defendeu esta quarta-feira o reforço dos meios de combate aos incêndios na região autónoma da Madeira.
Ouvido de manhã na Assembleia da República, em Lisboa, a propósito dos incêndios que atingiram a Madeira em agosto, Duarte da Costa mostrou-se convencido que a evolução do fogo poderia ter sido outra se existissem outros meios. "Um helicóptero ligeiro é insuficiente para uma região autónoma com as características de orogénese, [...] orografia e atmosféricas" da Madeira, afirmou.
"E penso, sendo sempre sujeito a haver escrutínio de várias entidades, inclusivamente académicas que se possam expressar sobre isto, que a situação poderia ter sido dirimida logo mais de início se o Governo Regional tivesse à suas disposição, por exemplo, dois helicópteros pesados como os que nós temos aqui, que poderiam rapidamente ter largado muito mais água", reforça.
Duarte da Costa assegurou que a ANEPC acompanhou desde início o incêndio que se propagou na Madeira entre os dias 14 e 26 de agosto, tendo logo no dia seguinte preparado a Força Especial da Proteção Civil, ainda sem haver qualquer pedido por parte das autoridades regionais.
"Logo de início começamos a pensar que tipologia de meios aéreos é que nós poderíamos enviar. Fomos mantendo, através do Comando Nacional, o contacto com o Serviço Regional, mas só poderíamos ativar o mecanismo com um pedido deles. Eu não tenho autoridade para o fazer, nem o Governo quis fazer [...] Assim, no dia 21 chegou esse pedido do Governo Regional. Fizemos o registo logo às 19h00 e no dia seguinte os meios aéreos já estavam a funcionar", afirmou.
Por outro lado, num toque pessoal, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil defendeu que as matérias de proteção civil poderiam fazer parte do "domínio reservado do Estado", de modo a "haver logo de início uma intervenção formal direta do Governo central".
"Quer na perspetiva safety - forças de segurança - mas também na perspetiva security - proteção civil - que ganharam no fórum mundial e no fórum europeu uma relevância que há dez anos não tinham, devem fazer parte daquilo que é o domínio reservado do Estado. Apesar das autonomias e poder haver logo de início uma intervenção formal direta do Governo central sobre as questões de segurança, mas, mais uma vez, isto é uma opinião pessoal do presidente da autoridade que não vincula a autoridade nem o Governo que suporta esta autoridade", remata.
