O primeiro dia de debate foi suspenso por dez minutos devido a um insistente ruído de feedback que se ouvia na Sala das Sessões. Um "calafrio", ironizou a secretária de Estado Fátima Fonseca.
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Um feedback acontece quando um sinal de um amplificador regressa ao microfone onde entrou provocando uma distorção do som, uma espécie de "piiiiii", como se ouviu, esta manhã, durante o debate parlamentar do Orçamento de Estado 2018.
O ruído foi sendo ouvido durante várias das intervenções, mas acabou por ter um efeito mais prolongado quando estava a intervir a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público Fátima Fonseca.
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A governante estava a tentar responder às críticas sobre o descongelamento de carreiras, uma situação que tem motivado protestos de vários grupos profissionais como professores, militares ou funcionários de justiça.
Depois de ter tentado, por duas vezes, retomar a intervenção, Fátima Fonseca acabou por ter que interromper, a pedido da mesa da presidência, para que os serviços técnicos pudessem apurar o que se passa.
Os trabalhos foram suspensos por dez minutos.
Quando a sessão foi retomada, a secretária de Estado ironizou que o tema tinha provocado "um calafrio" no sistema de som da Assembleia da República.
O Governo "governado" e a oposição "que não quer ser levada a sério"
A primeira manhã de debate na especialidade abriu com uma troca de críticas entre a nova maioria e a oposição.
O PSD acusou o Governo socialista de "ser governado" por "pressões de interesses particulares".
"O que se espera de um Governo é que governe pelo interesse geral e pelo interesse público, [mas está] bloqueado nessa maioria cujo único programa é retroceder", denunciou o deputado social-democrata António Leitão Amaro.
Adiante na resposta, o Governo rejeitou o "eleitoralismo" na proposta orçamental e devolveu a crítica acusando a oposição de se apresentar no debate da proposta orçamental para 2018 para "não ser levada a sério".
"Quando descongelamos as carreiras não estamos a ser eleitoralistas nem a dar nada em ninguém.(...) O PSD e o CDS-PP apresentam-se neste orçamento para não serem levados a sério. Não querem levar a sério aquela que é a função na oposição", afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Antes, no debate, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles afirmou que "a cada crítica" apresentada pelo grupo parlamentar centrista "foi apresentada uma alternativa", como a proposta para um estatuto fiscal para o interior.
Por sua vez, a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua espera que durante este período de especialidade sejam aprofundadas as "soluções encontradas em sede de negociação".
Pelo PCP, o deputado Paulo Sá destacou as medidas apresentadas pelos comunistas, como o fim das cativações na saúde ou o fim do corte de 10% no subsídio de desemprego, e, pelo PEV, a deputada Heloísa Apolónia, criticou que "para a direita este OE2018 é um retrocesso".
Até o dia 27 de novembro, estão em debate mais de 600 propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2018.