"Uma das minhas aspirações é comandar o navio-escola Sagres." Marinha tem primeira mulher comandante de veleiro
Isabel Gonçalves Bué foi nomeada comandante do navio de instrução NRP Polar.
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Com o mar de feição ou com ventos mais agrestes, nada abala a determinação de Isabel Gonçalves Bué. A capitão-de-fragata acredita que, para os cadetes que se formam na escola naval, terem uma mulher a liderar o veleiro onde recebem instrução, não fará qualquer diferença.
"Não, porque os comandantes dos navios também são professores e estes cadetes têm aulas comigo", diz a rir. "Para eles é indiferente ser um homem ou uma mulher a dar a formação, seja aqui nas aulas, seja no navio", acrescenta.
Na cermónia de nomeação, o vice-almirante Nuno Chaves Ferreira lembrou a importância de a Marinha possuir veleiros na componente prática de instrução dos cadetes da Escola Naval, "cimentando não só a formação administrada nas aulas, mas também a criação e manutenção de um elo de ligação com o mar e com os valores que a Marinha possui".
Nos navios de guerra da marinha são os motores e os modernos instrumentos que lhes permitem navegar, mas esta comandante, que se encontra há mais de 20 anos na marinha, considera que quem frequenta a escola naval, deve saber a arte de velejar. "Nestes veleiros conseguem sentir o mar muito mais próximo, saber como está a corrente, o vento, a ondulação... ", garante. Conhecer os cabos, levantar e recolher velas,fazer manobras para atracar ou largar o navio são instruções básicas que os cadetes aprendem ao longo da sua formação que dura 5 anos. Aprendem também a navegação astronómica, não vá falhar algum dos instrumentos a bordo.
O veleiro NRP Polar, por ser navio de instrução, não tem grandes dimensões, mede 29 metros, mas a comandante Isabel Gonçalves Bué, 42 anos, que já fez parte da guarnição do navio-escola Sagres, admite que gostava de estar um dia ao leme da embarcação mais emblemática da marinha.
"A Sagres é um navio pelo qual tenho um carinho especial",afirma.