Uma semana depois do Bolhão, PS faz campanha em mercado. IVA zero é trunfo para “ganhar” legislativas
Pedro Nuno Santos lamenta ainda a “inação” do Governo com as tarifas de Trump e responde em tom de primeiro-ministro
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O clima é de campanha eleitoral. No mercado de Benfica, um dos mais concorridos de Lisboa, Pedro Nuno Santos vai apelando ao voto com a medida de destaque do programa eleitoral: o regresso do IVA zero, agora permanente, para os bens essenciais. É o caso do “leite, pão, carne e peixe” para que “as pessoas possam comprar aquilo de que precisam”.
Há quem alerte, desde logo, os partidos que formam o Governo, que a medida não será sentida pelos consumidores, sendo absorvida pelo aumento dos preços, mas Pedro Nuno Santos lembra os tempos de António Costa, durante a subida abrupta da inflação, quando o IVA zero foi acompanhado por uma equipa especializada. Agora, a estratégia é idêntica.
“Foi criado um grupo que acompanhou a implementação da medida. Obviamente que a mesma estrutura vai existir, para assegurarmos que o IVA zero se repercute no orçamento das famílias”, responde.
Entre vários cumprimentos, Pedro Nuno Santos passeou-se pelas várias bancas e explicou o IVA zero não só aos consumidores, mas também aos vendedores que “vão sair beneficiados” pelo maior poder de compra.
Uma semana depois de o Governo ter marcado um conselho de ministros para o Mercado do Bolhão, no Porto, com o primeiro-ministro a distribuir beijos e abraços, o PS optou pela mesma estratégia. A diferença “é que o Governo estava em funções, a reunir o conselho de ministros pago pelo dinheiro público”.
“Aqui, de facto, é uma ação de campanha. Isso é assumido. Essa é a diferença”, acrescenta Pedro Nuno Santos.
O socialista mostrou-se confiante na vitória a 18 de maio, até porque a convicção de Pedro Nuno Santos é que apenas dessa forma será chamado por Marcelo Rebelo de Sousa para formar Governo. Uma nova geringonça não está colocada de lado, mas é, nesta altura, um cenário distante.
“O Presidente da República pediu ao partido mais votado para formar Governo. Na realidade, já tinha sido assim em 2015. Portanto, desta vez, vai acontecer o mesmo. Significa que o PS precisa de ganhar as eleições e é só nisso que estamos concentrados”, responde.
Tarifas? Pedro Nuno lamenta “inação” do Governo
Pedro Nuno Santos lamenta que o Governo ainda não tenha apresentado um plano de apoio às empresas para responder às tarifas impostas por Donald Trump, e dá o exemplo do Governo socialista em Espanha. Assumindo a pele de primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos fala em créditos públicos e na redistribuição de fundos comunitários.
“Aquilo que nós precisávamos era de ter um Governo que reagisse com maior rapidez, como fez o governo espanhol, nomeadamente, para apoiar a industria exportadora a direcionar-se para outros mercados”, nota.
Se Pedro Nuno Santos fosse primeiro-ministro, “o trabalho de negociação com Bruxelas” para redirecionar fundos comunitários “já teria começado”.