Visita preparada com "normalidade" apesar do estado de saúde de Soares. Governo não fala sobre "cenários" de cancelamento da viagem de uma semana para dinamizar relações comerciais.
Corpo do artigo
Nova Deli, Bangalore e Goa são os três pontos que constituem o périplo da visita do primeiro-ministro (PM) à Índia, que começa neste sábado e se prolonga até sexta-feira, com o objetivo de dinamizar as relações comerciais com uma economia que em 2016 cresceu 7,5%, ultrapassando a China.
A deslocação é a resposta a um convite do governo indiano feito ainda em 2015, logo após a tomada de posse do executivo do PS, e que incluiu, segundo fonte do gabinete do PM, "palavras simpáticas" sobre as origens indianas de António Costa.
Ao longo de uma semana, o primeiro-ministro, acompanhado de uma comitiva que inclui os ministros dos Negócios Estrangeiros, Defesa, Cultura, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Economia, para além do secretário de Estado da Indústria, vai ser recebido pelo presidente daquele estado asiático, pelo homólogo indiano e por outras individualidades governamentais, empresariais e académicas.
A visita tem uma forte componente económica, com o objetivo de dinamizar as relações comerciais entre os dois países, adianta fonte governamental. A Índia é, de entre as grandes economias mundiais, uma das mais pujantes, com um crescimento em 2016 de 7,5%, tendo ultrapassado a China.
É nesse sentido que no muito intenso programa da viagem estão previstas participações de António Costa em conferências de âmbito empresarial, e a assinatura de um memorando entre a StartUp Portugal e a Invest Índia, tentando aproveitar o facto de várias empresas indianas terem participado no Web Summit em Lisboa.
"Primeiro chefe de governo ocidental" de origem indiana
O programa também tem momentos culturais, como a visita ao Museu Nacional em Nova Deli e a participação nos lançamentos de dois livros, e outros mais institucionais, incluindo uma homenagem do governo indiano, que decidiu, segundo o gabinete do PM, atribuir ao "primeiro chefe de governo de origem indiana de um país ocidental" o prémio Pravasi Bharatiya Samman.
O galardão pretende distinguir os indianos, ou indivíduos de origem indiana, que se tenham destacado nas suas áreas profissionais. Este prémio já foi entregue a indianos e não indianos, de várias origens geográficas e de atividades tão diversas como a política, cultura ou ciência.
Goa sim, mas de forma discreta
A visita do chefe de governo, que acontece a convite do homólogo da Índia, Narendra Modi, passa também por Goa, estado onde Costa tem raízes: foi lá que o pai nasceu. A parte mais privada da visita será feita, no entanto, longe do olhar dos jornalistas.
Mário Soares? "Não trabalhamos com cenários"
A visita, garante fonte do executivo, está a ser "preparada com toda a normalidade", apesar do estado de saúde de Mário Soares. A possibilidade de uma degradação súbita dos sinais vitais do antigo presidente é "um cenário" e o governo "não trabalha com cenários", garante aquela fonte, recusando assim revelar o que fará o primeiro-ministro se essa degradação acontecer - e for crítica - durante a visita à Índia.
Índia: um colosso que cresce 7,5% ao ano
Mais de mil milhões de habitantes, uma das maiores diásporas do mundo e uma economia a crescer 7,5% ao ano: eis os atrativos que levaram o governo a apostar nesta viagem, com o objetivo de "dinamizar relações que até agora foram incipientes". Com 20% da população mundial (é o segundo país mais populoso do planeta, ficando apenas atrás da China) concentrada numa área equivalente a 75% da União Europeia, o país de Gandhi é uma das economias que mais deverão crescer nas próximas décadas. O facto de a classe média estar em "plena expansão" e de dois terços da população ter entre 15 e 25 anos leva o executivo a acreditar que este "é o grande mercado do futuro".