"Veio dar contributo ao PSD." Ascenso Simões acusa Ângelo Correia de incendiar discussão sobre polícias
"Eu acho que o senhor ministro da Administração Interna deveria apresentar ao Conselho de Ministros um projeto de resolução no sentido de enquadrar os passos seguintes",
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Depois de Ângelo Correia ter desafiado António Costa a explicar a razão pela qual está a discriminar as forças de segurança, Ascenso Simões acusa o antigo ministro da Administração Interna do governo de Pinto Balsemão de incendiar a discussão para "dar um contributo à campanha do PSD".
"O engenheiro Ângelo Correia, que é uma pessoa que muito estimo, foi ministro da Administração Interna, veio dar um contributo para a campanha eleitoral do PSD e veio colocar mais lenha na fogueira, ou seja, numa altura em que nós precisamos que todas as pessoas relevantes que tratam dos assuntos internos e das questões de soberania possam ter a cabeça fria para analisar a situação, não tivemos do lado do engenheiro Ângelo Correia essa mesma atitude", disse o socialista à TSF.
Ascenso Simões admite que a situação "merece uma atenção especial por parte dos poderes públicos", mas não só do Executivo: "Merece uma atenção por parte do senhor Presidente da República, merece uma atenção por parte dos diversos partidos que se apresentam às eleições e também merece uma atenção da parte do Governo."
Nesse sentido, o socialista também considera que o Governo não pode continuar em silêncio, mas tira a mira de António Costa e coloca-a em José Luís Carneiro.
"Eu acho que o senhor ministro da Administração Interna deveria apresentar ao Conselho de Ministros um projeto de resolução no sentido de enquadrar os passos seguintes daquilo que é necessário. O que o país precisa verdadeiramente é de uma leitura completa das forças armadas e as forças de segurança relativamente a uma grelha salarial que possa ser única e essa grelha salarial, deve ser uma grelha salarial que esteja à altura das novas realidades da segurança, das novas exigências que se colocam a cada um dos países e também da formação e do enquadramento funcional dos diversos agentes, soldados e a oficiais das forças de segurança e das forças armadas", acredita Ascenso Simões.
E complementa: "Essa visão transversal devia ser vista e o Conselho de Ministros poderia aprovar uma resolução no sentido de que os topos, quer sejam os comandantes dos ramos, os diretores nacionais das polícias e os comandantes gerais, pudessem reunir-se num grupo de estudo para analisarem o que existe em alguns países da Europa onde as grelhas salariais são equiparadas a todas as unidades e poderem trabalhar para que o próximo Governo possa rapidamente tomar uma decisão."
Dessa forma, segundo Ascenso Simões, o Governo prepararia terreno para o próximo executivo atuar mal entre em funções, independentemente de quem o componha.
"Quer seja o PS a governar, quer seja o PSD a governar, ou pelo menos na liderança do governo, nós já teríamos tempo para poder o próximo Governo decidir o mais rápido possível. O que nós não podemos é não ter nenhuma comunicação ao país da parte do ministro da Administração Interna, já que eu acho que esta questão não pode ser colocada ao nível do senhor primeiro-ministro, que é quem coordenou o Governo todo", conclui.
O antigo ministro da Administração Interna Ângelo Correia desafiou António Costa a explicar “de uma vez por todas”, a todos os portugueses, porque é que criou uma diferenciação entre as forças de segurança em Portugal.
“O primeiro-ministro não tem de justificar, tem de explicar porque é que criou tudo isto em Portugal. Não se esconda!”, disse Ângelo Correia, em declarações à TSF esta quinta-feira, atirando responsabilidades pela insatisfação dos polícias para o governo socialista.