Ventura apela em Bruxelas à extrema-direita anti-europeia para “passar mensagem clara de que Costa não passará”
Ventura afirma que há “conversas” entre o I-D e o Partido Conservador Europeu para a formação de “um grande bloco europeu à direita”
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O líder do Chega, André Ventura, pediu esta quarta-feira o apoio dos membros da família política da extrema-direita anti-europeia Identidade e Democracia (I-D) contra a potencial nomeação de António Costa para liderar o Conselho Europeu. Nenhum dos membros daquela família política terá poder de decisão, mas Ventura considera que há vozes que podem ter “algum impacto”.
“Se a senhora Marine Le Pen, o senhor Salvini, o Geert Wilders [e] depois a senhora Georgia Meloni e outros [como] Santiago Abascal, em Espanha, se levantarem para dizer que António Costa não é um bom candidato ao Conselho Europeu, isso terá de ter algum impacto nos povos europeus”, afirmou Ventura, falando aos jornalistas, à entrada para uma reunião em Bruxelas com os membros do I-D.
Nenhum dos nomes referidos se senta à mesa da decisão, nem a família política europeia a que pertencem tem um líder entre os 27 que pudesse fazer alguma intervenção no Conselho Europeu. Ainda assim, Ventura acredita que a sua participação será mais do que uma mera tomada de posição.
“O I-D é, neste momento, uma das principais forças europeias em número de eurodeputados, juntamente também com os conservadores”, afirmou, frisando que, além disso, “também têm havido conversas entre o I-D e o Partido Conservador Europeu, na lógica de se poder formar um grande bloco europeu à direita”.
“Esse grande bloco europeu tem que passar uma mensagem clara de que António Costa não passará”, afirmou Ventura, que ainda espera que o Governo de Luís Montenegro reconsidere o apoio a António Costa para a presidência do Conselho Europeu.
“Quem eu acho que devia estar a dar explicações hoje era o primeiro-ministro Luís Montenegro”, reiterou, atirando algumas questões: “Porque é que achou que António Costa não servia para governar? Porque é que achou que se devia pôr fim ao Governo de António Costa? Mas agora, subitamente, disse que o Governo de António Costa caiu de podre por dentro e agora acha que António Costa pode ser um bom governante europeu”.
Para o líder do Chega é claro que o futuro escolhido para suceder a Charles Michel não deve ser o português.
“António Costa foi um mau primeiro-ministro português, deixou o país no estado em que o país está e vai ser um mau governante europeu que está nos antípodas de tudo o que acreditamos em matéria de imigração, em matéria de segurança, em matéria de Justiça e, portanto, é uma tremenda hipocrisia política que o Governo português apoie António Costa”, afirmou.