Ventura desafia IL para acordo à direita, Rocha diz que com Chega é impossível
Rui Rocha apontou distanciamentos do Chega relativamente à Iniciativa Liberal, enquanto André Ventura acusou os liberais de
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O presidente do Chega desafiou hoje a IL para um entendimento pós-eleitoral caso os dois partidos tenham maioria parlamentar, mas Rui Rocha respondeu que com o partido de Ventura “não há entendimento possível”, por ser irresponsável e despesista.
Num frente-a-frente transmitido na RTP3, André Ventura defendeu que, nas próximas eleições legislativas de 18 de maio, o que vai estar em jogo é se os portugueses “voltam a dar uma maioria histórica à direita ou dão à esquerda”.
“Se a direita tiver maioria – e com a direita eu nem estou a incluir o PSD, porque deixou de ser um partido de direita, mas estou a incluir a IL -, se essa maioria existir, eu acho que nós só não governamos se não quisermos”, disse.
Afirmando que pretende “vencer o espaço do centro-direita” nas próximas eleições e ter mais votos do que o PSD, Ventura reiterou que conta com a IL para um acordo à direita após as legislativas.
“Eu quero dizer aqui, cara a cara com Rui Rocha, eu acho que o Rui Rocha e a IL podem e devem ser parte de uma solução e acho que o Rui Rocha ficará muito mal perante o seu eleitorado se permitir que o PS governe a seguir às eleições”, referiu.
Na resposta, Rui Rocha garantiu que a IL “nunca, jamais, em momento algum, viabilizará um Governo do PS”, mas procurou também demarcar-se do Chega, pedindo que, ainda que o partido ainda não tenha apresentado o seu programa eleitoral, se olhe para o seu histórico parlamentar.
“Nós propusemos a privatização da TAP. O Chega votou contra. O Livre propôs rácios salariais. O Chega votou a favor”, disse, frisando que os partidos que mais vezes votaram ao lado do Chega foram o Bloco de Esquerda e o Livre.
Depois, Rui Rocha abordou o programa eleitoral do Chega às eleições legislativas de 2024, que considerou ser “totalmente irresponsável” porque teria um impacto nas contas públicas de 18 mil milhões de euros, devido a propostas como a criação de um valor da pensão mínima equivalente ao do salário mínimo nacional.
“Não há entendimento possível com um partido como o Chega”, sintetizou Rui Rocha, reforçando que nunca viabilizaria “um Orçamento, nenhum Governo, venha de onde vier”, com um programa equivalente ao que é apresentado pelo Chega.
“É um programa dirigista, estatista, com um impacto orçamental de 18 mil milhões, que leva o país a uma bancarrota imediata”, criticou.
“É uma verdadeira muleta do PSD. Nem é muleta, é andarilho, porque é um PSD que está em coma”, acusou.
A crítica da IL à proposta das pensões do Chega levou ainda Ventura a acusar Rocha de ser “uma espécie de Rui Tavares, mas de gravata”, em que “é tudo ‘ok’ com a esquerda, mas depois não quer saber nem dos pensionistas, nem da segurança, nem dos funcionários”.
“O Rui Rocha só se preocupa com o Príncipe Real, não está preocupado com o país real”, disse, com Rocha a responder que Ventura defende a imposição de tarifas equivalente às de Donald Trump, o que teria como consequência o aumento do preço dos bens essenciais.
“A prateleira do supermercado passava a ter preço base, IVA e adicional, que são as tarifas de André Ventura. Era o IV: Imposto Ventura”, ironizou.
Os dois líderes abordaram também a imigração, com Rocha a considerar que existe atualmente “um descontrolo nas fronteiras” e a defender que é preciso garantir que “quem tem trabalho, entra, e quem cumpre a lei, fica”.
Ventura considerou que a IL preocupar-se com imigração “é hipocrisia de última hora e eleitoralista”, alegando que o partido foi “sempre favorável a políticas de portas abertas” e votou contra medidas como a imposição de quotas, que Rocha considerou revelar uma “visão dirigista do Estado”.
A saúde foi o único tema em que os dois líderes pareceram convergir numa solução, com Ventura a defender que a resposta para os problemas no SNS passa pela “articulação entre o privado e o público” e Rocha a considerar que os portugueses devem ter a liberdade de escolher se querem ser tratados no público, privado ou social.