Ventura desafia MP a investigar agressão a jornalista e escuda-se nas redes sociais
O líder do Chega - que diz que estava "a um quilómetro" - refere que há "centenas de testemunhos" da situação nas redes sociais de jovens presentes: "Pediram educadamente à pessoa para sair cinco vezes, cinco vezes, e a pessoa decidiu não sair e provocá-los."
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O líder do Chega, André Ventura, recusou esta quarta-feira que o partido tenha qualquer responsabilidade nas agressões sofridas por um jornalista do Expresso durante uma conferência em que esteve presente e desafiou o Ministério Público (MP) a apurar “mesmo o que aconteceu”, sublinhando que há “centenas de testemunhos nas redes sociais” que mencionarão provocações por parte do jornalista.
Ventura notou esta tarde, em conferência de imprensa, que o jornalista em questão acompanha o partido “em muitos eventos” e que, no desta terça-feira, lhe foi transmitido que não podia estar ali jornalistas.
"Aparentemente, e o que eu vou dizer agora também não sei se é verdade, aparentemente ele reagiu provocando esses mesmos jovens também. Criou-se uma situação de provocação e de conflito que era desnecessária e que não devia ter acontecido”, analisou André Ventura, que diz esperar que o MP "veja mesmo o que aconteceu, porque há centenas de testemunhas”.
"Vi centenas de testemunhos nas redes sociais a dizer que o que aconteceu foi que respondeu mal, que provocou, etc... Agora o Ministério Público tem de fazer o seu trabalho”, apontou.
Para Ventura, a responsabilidade pelo sucedido não é do partido e o próprio garante que não sabia "que estavam jornalistas no meio de centenas de pessoas”.
“Por mim, como eu vos disse, e vocês sabem que é verdade, vocês estariam em todo o lado. Qual é o meu interesse de fazer um evento em que vocês não estão? Para passar para quem? Para os meus familiares e amigos? Eles já me conhecem”, notou.
Desafiado a esclarecer se houve intimidação por parte do staff do Chega sobre o jornalista em questão, respondeu que "nomeadamente o doutor Bernardo foi tentar acalmar as coisas e tentar resolver a situação", mas que "não podem pedir ao líder de um partido que está sentado a um quilómetro de distância, com centenas de pessoas na sala, que saiba o que é que aconteceu”.
O líder partidário insiste ter apurado que "há centenas - não é dezenas, é centenas - de testemunhas que viram o que aconteceu e que dizem que houve uma atitude provocatória por parte de outra pessoa”, mas sublinhou também que "não estava lá” e não viu.
"Eu ouvi e vi nas redes sociais hoje de manhã, centenas de jovens dizerem que não foi isso que aconteceu. Pediram educadamente à pessoa para sair cinco vezes, cinco vezes, e que a pessoa decidiu não sair e provocá-los. Agora, é preciso ver o que aconteceu, eu não sei”, notou.
Ao início da tarde, o partido já tinha negado responsabilidades na entrada e expulsão do jornalista do Expresso que denunciou ter sido agredido no evento da Universidade Católica onde estava André Ventura, remetendo-as implicitamente para os organizadores.
Em comunicado, o Chega recusou "qualquer responsabilidade quer na entrada do jornalista no evento, quer na sua expulsão, até porque, como convidado, não é da sua competência definir quem pode estar ou não presente".
O partido rejeitou também "qualquer responsabilidade na organização do evento, bem como na definição das normas de acesso ao mesmo, quer de participantes, quer da comunicação social".