Ventura diz que Bolieiro é “mais inteligente” do que Montenegro por não excluir Chega
De visita aos Açores, para participar na campanha das eleições regionais, o líder do Chega optou por centrar-se na política nacional e no ataque a Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.
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André Ventura afirmou, esta segunda-feira, que o líder do PSD nos Açores, José Manuel Bolieiro, é mais inteligente do que Luís Montenegro por não fechar a porta ao Chega.
Ventura, que está de visita ao arquipélago açoriano para a última semana de campanha das eleições regionais, mostra-se convicto de que o Chega vai ter um papel determinante no futuro político dos Açores e defende que que o único objetivo de toda a direita deveria ser impedir o PS de regressar ao poder.
O atual líder do Governo Regional dos Açores, e candidato da coligação Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM), não exclui acordos à direita como o que foi feito em 2020 e declarou, este domingo, que “o povo é que é soberano”. Palavras que foram bem-recebidas pelo líder nacional do Chega.
“O PSD a nível nacional optou por fazer o disparate enorme de dar aos socialistas esta 'via verde' aberta que é dizer 'ou sozinho, ou vou-me embora'", declarou André Ventura à margem de um encontro com o Sindicato Nacional da Polícia, em Ponta Delgada.
“Bolieiro já percebeu (...) que as sondagens são o que são, que o crescimento do Chega está para ficar e que não vai conseguir condicionar o eleitorado. E, portanto, inteligentemente, já está a dizer que o povo é soberano, que é o mesmo que dizer 'se o povo der essa força ao Chega, não sou eu que a vou retirar'", reparou André Ventura. “É uma atitude mais inteligente que a de Luís Montenegro”, atirou.
Apesar de estar na ilha de São Miguel para participar na campanha das eleições regionais de 4 de fevereiro, Ventura opta por centrar-se na política nacional e prosseguir o ataque ao líder do PSD. O presidente do Chega censurou, esta segunda-feira, a reação de Montenegro à proposta de Pedro Nuno Santos para acabar com as portagens no interior do país.
“Quando diz que não sabe se há petróleo no Largo do Rato, se pensa que está a fazer um grande ataque ao Partido Socialista, está é a contribuir para que a direita fique ainda mais descredibilizada”, defendeu.
André Ventura mostra-se incrédulo por, referiu, num dos “países onde se paga mais impostos sobre o gasóleo e sobre a gasolina” e que tem ao lado o exemplo da vizinha Espanha, “onde a maior parte das vias nacionais não tem portagem”, o líder do PSD não concordar “que se acabe com as portagens”.
“Este é o exemplo do que não pode acontecer”, frisou, “é o exemplo do puro amadorismo político, da pura insensibilidade social, que leva a que as pessoas se refugiem no PS, em vez de se refugiarem na direita.”
E olhando para as posições de Luís Montenegro sobre o fim das portagens, mas também sobre a equiparação de suplementos nas forças de segurança, Ventura assegura que, se nada mudar, quem não quer compromissos com o PSD é o Chega.
“Não haverá nenhum acordo à direita. Nenhum. Porque isto não são questões de mecânica, isto são questões fundamentais. E, portanto, era urgente que o presidente do PSD desse um esclarecimento”, afirmou.
Além do líder do PSD, André Ventura não deixou ainda escapar, nestas declarações, o líder socialista: acusou Pedro Nuno Santos de “hipocrisia”, alegando que, quando foi o Chega a propor o fim das portagens, o agora secretário-geral do PS esteve contra.