Ventura diz que Cavaco e Passos são passado e elege "desburocratização" da agricultura como prioridade
O líder do Chega traça até quando vai ocupar o cargo: "Um dia a história dirá que o André Ventura foi primeiro-ministro de 2025 a 2029, de 2029 a 2033. E já chega"
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O líder do Chega desvalorizou esta segunda-feira a entrada na campanha dos antigos governantes e líderes do PSD Aníbal Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, considerando que representam o passado e que "Portugal precisa de futuro".
"Nós não estamos aqui com históricos. Nós não queremos estar com históricos, nós queremos olhar para o futuro. Eu não quero dar a Portugal um passado, esse, Portugal já tem", afirmou André Ventura em declarações aos jornalistas no arranque de uma arruada em Santarém, no segundo dia da campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.
O líder do Chega defendeu que "Portugal precisa de futuro" e que tal não se consegue "com históricos". "Eu quero ser o primeiro-ministro do futuro", indicou.
O presidente do Chega tinha sido questionado sobre a presença de quase todos os ex-líderes do PSD, incluindo Passos Coelho, Cavaco Silva, Marques Mendes e Rui Rio, num almoço de aniversário do partido, na terça-feira.
Sobre Pedro Passos Coelho, André Ventura assinalou que, "independentemente da amizade" entre os dois, o antigo primeiro-ministro social-democrata "teve o seu tempo". "Foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015, eu quero ser primeiro-ministro de 2025 para a frente", salientou.
E já traçou até quando vai ocupar o cargo: "Um dia a história dirá que o André Ventura foi [primeiro-ministro] de 2025 a 2029, de 2029 a 2033. E já chega", acrescentou.
Na ocasião, Ventura disse também discordar da avaliação que o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva fez do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, e estranhou o porquê de a ter feito agora.
"É estranho o professor Cavaco Silva estar tão empenhado nestas eleições, quando não esteve noutras", sustentou o presidente do Chega, considerando que "é sinal de que quer levar o seu pupilo à vitória outra vez".
André Ventura afirmou que o antigo chefe de Estado "não pode dizer que a ética de Montenegro está inatacável e está inabalável", pois "não está a avaliar bem Luís Montenegro".
Cavaco Silva escreveu esta segunda-feira um artigo de opinião no jornal Observador, no qual reiterou a defesa da postura ética e moral de Luís Montenegro, assim como da sua superioridade técnica e política relativamente aos outros líderes partidários.
Chega promete “revolução de desburocratização na agricultura”
O presidente do Chega, André Ventura, prometeu esta segunda-feira que, se for Governo, irá fazer uma “revolução de desburocratização na agricultura” e acusou o Executivo de ter falhado a promessa de simplificar processos.
“Nós precisamos de uma - eu vou-lhe chamar mesmo assim - uma revolução de desburocratização na agricultura, e nós vamos levá-la a cabo”, afirmou.
Em declarações aos jornalistas no arranque de uma arruada em Santarém, no segundo dia da campanha para as eleições legislativas de 18 de maio, o líder do Chega elegeu a agricultura como uma das prioridades.
André Ventura disse que o objetivo do seu partido é “desburocratizar e permitir o acesso fácil dos agricultores aos planos e aos apoios”.
O Chega quer fazê-lo através da digitalização e estabelecendo que, “após um tempo máximo de espera, há um deferimento tácito e não um indeferimento tácito”.
Ventura disse que, para entrarem em concursos, os agricultores têm de recorrer a “outras empresas” para ajudar com a burocracia, a quem “têm de pagar sem ter tido o resultado desses concursos”.
Indicando que a AD também se comprometeu a desburocratizar, Ventura defendeu que “não houve” uma única medida neste sentido no último ano, desde que o Governo tomou posse.
“Acho lamentável que [o primeiro-ministro] não tenha conseguido dizer aos agricultores porque é que Portugal continuou tão burocrático na agricultura como estava com o Partido Socialista, porque é que continuamos com um défice na agricultura enorme, e porque é que os agricultores e os produtores continuam a estar neste inferno de burocracia, de falta de apoios e de estagnação por parte do Estado”, criticou.
André Ventura defendeu que o Governo PSD/CDS-PP “falhou na agricultura”.
“Onde eles não desburocratizaram, nós vamos desburocratizar. Onde não controlaram, nós vamos controlar. E onde não conseguiram apoiar, nós vamos apoiar, com conta, peso e medida, num cenário macroeconómico realista”, indicou.
André Ventura defendeu também que “o acordo do Mercosul não devia entrar em vigor nos termos em que está”, sustentando que promove “a agricultura de países externos à União Europeia, neste caso da América do Sul, e “destrói e prejudica” os agricultores portugueses”.
Confrontado com o facto de a agricultura ser um dos setores que mais recorre a mão de obra imigrante, o líder do Chega voltou a defender a introdução de quotas à entrada de estrangeiros no país, e disse que esta área estaria entre as prioridades.
A gestão das necessidades, segundo disse, seria feita pelo Governo.
André Ventura assinalou igualmente que, durante o debate de domingo com todos os líderes com representação parlamentar, o primeiro-ministro “admitiu que há pessoas [estrangeiras] que não se sabe onde estão”, e que “são muitas”. “Não podemos ter em Portugal pessoas que não sabemos onde é que estão”, defendeu.
