Ventura para Montenegro: "A bancada do Chega jamais lhe dará qualquer voto de confiança"
O presidente do Chega acusa o chefe do Executivo de se ter "escondido" na residência oficial e de não aplicar a si mesmo o escrutínio que queria para a oposição
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O líder do Chega, André Ventura, acusou esta quarta-feira o primeiro-ministro de ter anunciado uma moção de confiança ao Governo para "escolher uma fuga" e ter "medo de ser escrutinado pelo Parlamento" e, olhando-o nos olhos, garantiu: "Esta bancada jamais lhe dará um voto de confiança."
"[O anúncio de uma moção de confiança] revela uma coisa: que o primeiro-ministro de Portugal, com medo do escrutínio e da avaliação parlamentar, escolheu uma fuga para a frente com medo de ser escrutinado pelo Parlamento", acusou o líder do Chega, num pedido de esclarecimento durante o debate da moção de censura apresentada pelo PCP.
André Ventura aproveitou um pedido de esclarecimento ao PCP para se dirigir em primeiro lugar ao líder do Executivo e acusou Luís Montenegro de se ter "escondido" na residência oficial e de não aplicar a si mesmo o escrutínio que queria para a oposição.
"Senhor primeiro-ministro, em que circunstância for, cite Sá Carneiro ou não, quero dizer-lhe olhos nos olhos que esta bancada, nestas circunstâncias, jamais de lhe dará qualquer voto de confiança para ser primeiro-ministro de Portugal", afirmou, confirmando o que tem dito nos últimos dias, que o Chega votaria contra uma moção de confiança apresentada pelo Governo.
Minutos antes, na abertura do debate na Assembleia da República, o primeiro-ministro anunciou que o Governo avançará com a proposta de uma moção de confiança ao Executivo pelo Parlamento, "não tendo ficado claro" que os partidos dão ao Executivo condições para continuar.
No pedido de esclarecimento, o presidente do Chega dirigiu-se depois ao secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, dizendo que os comunistas não apresentaram "nenhuma moção de censura ao Governo de António Costa", mesmo "após toda a degradação de serviços públicos e suspeitas graves sobre os membros" dos últimos executivos.
"O PCP não quer censurar Governo nenhum por falta de integridade nenhuma, o PCP quer fazer a mesma muleta ideológica ao PS que tem feito nos últimos anos", acusou, argumentando que os comunistas têm receio de perder deputados numas próximas eleições legislativas.
André Ventura considerou que o PCP "não quer censurar o Governo", mas sim "evitar eleições para evitar que a esquerda fique ainda mais pequena do que aquilo que está" e afirmou que os comunistas "só merecem uma coisa: desaparecer para sempre deste Parlamento".
Na resposta, o secretário-geral do PCP pediu a André Ventura que "não descarregue" nos comunistas "a ira da confusão que a intervenção do primeiro-ministro lhe deu".
Paulo Raimundo assinalou que o vice-presidente do Chega Pedro Frazão disse no sábado à noite que o Chega votaria a favor da moção de censura do PCP, e depois o líder do partido contrariou e disse que a bancada iria abster-se.
O líder comunista lamentou também que o Chega tenha estado "ao lado" dos partidos que sustentam o Governo "a aprovar a redução do IRC para os grupos económicos".
