Nas jornadas parlamentares, o PEV defendeu um reforço da fiscalização dos recursos hídricos. Monica Frassoni, copresidente do Partido Verde Europeu, diz que a Europa está atenta aos temas ambientais.
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O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) vai continuar a pressionar o Governo para que o Executivo liderado por António Costa disponibilize mais meios humanos para fiscalizar os recursos hídricos nacionais e, em particular, as águas do Rio Tejo. Foi essa a garantia dada pelo PEV durante uma audição pública integrada nas jornadas parlamentares, que são dedicadas ao tema "Rio Tejo - Poluição e outros conflitos".
"Vamos daqui com a preocupação de que é necessário tomar medidas e iremos exigir do Governo mais meios que reforcem a fiscalização ao nível dos recursos hídricos, porque este panorama não pode repetir-se por muito mais anos, caso contrário, deixaremos de ter rios", disse à TSF o deputado José Luís Ferreira.
Durante o dia, a delegação do PEV passou por vários concelhos do distrito de Santarém, com paragem em vários pontos para observação das atuais condições do Rio Tejo e, segundo a deputada Heloísa Apolónia, ouviram das associações e movimentos ambientalistas locais alguns relatos que dão conta da "evidência da escassez de fiscalização e inspeção", aliados a um "sentimento de revolta". "Dizem-nos que fazem queixa, mas que as queixas nunca têm consequências", afirmou a deputada durante a audição pública em que participaram diversas entidades que, fazendo um retrato dos últimos anos, deram conta da evolução dos problemas de poluição no Rio Tejo.
Pelo Partido Ecologista "Os Verdes", José Luís Ferreira defendeu ainda que a defesa do meio ambiente não implica o encerramento dos polos industriais: "É possível e é desejável compatibilizar as atividades económicas com a preservação dos nossos ecossistemas", disse o deputado, que relatou ainda um caso concreto que observou durante a visita ao distrito de Santarém.
"Vimos estruturas que devem fazer parte da solução e que, afinal, são parte do problema. Antes da ETAR (Estação de tratamento de Águas Residuais) da Ribeira de Seiça a água tem um ótimo aspeto e, depois de passar pela ETAR, aparece muito poluída, com uma espuma branca, ou seja, a ETAR está a contribuir para agravar o problema", acrescentou
Além dos deputados e dirigentes nacionais do PEV, nas visitas e na audição pública marcaram ainda presença Ska Keller, copresidente do Grupo Verde no Parlamento Europeu, Gwendoline Delbos-Corfield, membro do Comité Executivo do Partido Verde Europeu, e Monica Frassoni, copresidente do Partido Verde Europeu, que defendeu que é, sobretudo, a cada Estado-membro que cabe o maior papel na defesa dos recursos naturais.
"Se o Tejo tem um problema de poluição ou das descargas das fábricas isso não é só uma questão da União Europeia (UE), é da incapacidade das autoridades locais e nacionais de fazer respeitar as regras que elas mesmas tiveram de adotar", disse à TSF Monica Frassoni.
E, lembrando que cerca de 80 por cento das regras e diretivas ambientais que existem nas legislações nacionais derivam da União Europeia, a copresidente do Partido Verde Europeu garantiu que a Europa está atenta aos temas ambientais: "Eu não acho que a União Europeia não tenha atenção em relação a estes temas. Agora, as maiorias políticas da UE não são muito ecologistas, portanto, é uma batalha que temos de fazer politicamente".
Já Ska Keller, copresidente do Grupo Verde no Parlamento Europeu, salientou que os ecologistas do Parlamento Europeu estão "ligados" Às lutas nacionais, porque "os problemas ambientais não param nas fronteiras, afetam-nos a todos".
"Vamos ver se encontramos instrumentos europeus que possam ajudar-vos nas vossas lutas", concluiu a eurodeputada.
Esta terça-feira, as jornadas parlamentares do Partido Ecologista "Os Verdes" vão dar primazia às Parcerias Público-Privadas e aos transportes. Ao início da tarde, na conferência de imprensa que conclui as jornadas, o partido irá apresentar iniciativas legislativas.