Viabilizar Orçamento "custa" ao PS, mas socialistas aprovam "por unanimidade" abstenção de Pedro Nuno
A reunião da comissão política nacional do PS demorou perto de quatro horas.
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Se as vozes se repartiram durante as últimas semanas, agora Pedro Nuno Santos conseguiu a unanimidade. O PS vai mesmo abster-se no Orçamento do Estado, com cem por cento dos membros da comissão política nacional a votaram ao lado do secretário-geral.
A reunião durou cerca de quatro horas, com intervenções, maioritariamente, dos críticos internos. Embora tenham notado divergências quanto à estratégia, elogiaram a decisão final de Pedro Nuno Santos. Foi o caso de José Luís Carneiro, Fernando Medina ou Maria de Belém.
À saída do Largo do Rato, já perto das 02h00, o presidente do PS, Carlos César, foi o único que prestou declarações aos jornalistas. Admitiu que a viabilização do Orçamento “custa”, mas o partido pensou, primeiro, no país.
“Custa-nos viabilizar este Orçamento? Claro que nos custa. Nós não gostamos deste Orçamento, não confiamos neste Governo. Mas entendemos que primeiro está o país e não pode haver uma situação de paralisia na administração”, apontou.
Ou seja, este não era o momento para novas eleições legislativas, apesar de o PS considerar este “um Orçamento” apresentado por “um Governo em que não confia”. No entanto, os socialistas entenderam que “o interesse nacional era mais importante”.
Carlos César considera ainda que a margem do PS como líder da oposição não fica beliscada e os próximos meses vão servir para que o partido se afirme como alternativa: “O partido fará por mostrar, no dia-a-dia, aquilo que acha que não deve ser e aquilo que, se fosse Governo, entende que devia ser”.
Será esse o caminho para os próximos tempos políticos, entende Carlos César, presidente do PS e um dos principais conselheiros de Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral não falou aos jornalistas, mas interveio por duas vezes na reunião à porta fechada, para sublinhar que o PS “jamais passaria cheques em branco ao Governo”, acenando com ganhos de causa no IRS Jovem e até na descida do IRC.
"Desalinhado" Vieira da Silva levantou o tom
Ao que a TSF apurou, o antigo ministro José António Vieira da Silva foi dos poucos que saiu do guião e apontou o dedo a Pedro Nuno Santos. Não pelo Orçamento do Estado, mas pelas palavras do líder socialista que pediu “união” aos comentadores políticos afetos ao PS.
Vieira da Silva levantou o tom para lamentar uma postura “a que nunca tinha assistido no PS”, garantindo que não vai deixar de revelar a sua opinião no espaço público, mesmo que divirja da estratégia do secretário-geral.