Portugal optou por atuar "prudentemente" na sequência da bola de neve de expulsões de diplomatas russos, explica Augusto Santos Silva. O ministro dos Negócios Estrangeiros português explicou, em entrevista à SIC, como funciona o processo decisório.
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Augusto Santos Silva disse esta noite à RTP que Portugal vai chamar o embaixador português em Moscovo. O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou ainda que, na sequência da expulsão de diplomatas russos de vários países da UE e da NATO, é necessário haver um equilíbrio entre a firmeza e o diálogo com a Rússia. O alegado envenenamento do espião russo Skripal está na origem da tensão diplomática.
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"Tomámos boa nota e em consideração decisões que os países mais próximos, amigos e aliados, foram tomando e decidimos hoje chamar o embaixador português em Moscovo para consultas", explicou em entrevista à RTP. "Isto é, alinhando a nossa posição bilateral com a própria posição da União Europeia. Este é um processo que ainda está provavelmente no seu início, é preciso evitar qualquer lógica de escalada. Como o secretário-geral da NATO hoje disse, é preciso mostrar firmeza perante a Rússia, mas ao mesmo tempo manter diálogo político com a Rússia. Essa é orientação de Portugal."
Pouco mais tarde, na SIC, Augusto Santos Silva explicou o processo de decisão. "Dois caminhos para chegar à mesma coisa: quando eu expulso, expulso um diplomata de um país estrangeiro. É um direito que tenho, declaro persona non grata e obrigo a sair do território. Quando eu chamo o meu embaixador para consultas, o que estou a fazer é suspender os contactos normais, retirando o meu próprio diplomata. São duas maneiras que têm graduações diferentes. Do nosso ponto de vista, faz sentido, tendo em conta a política externa portuguesa, começar prudentemente por esta medida e depois veremos como evolui o processo."
O secretário-geral da NATO anunciou esta tarde, em Bruxelas, que a Aliança Atlântica decidiu juntar-se à resposta coordenada a nível internacional, contra a atuação de Moscovo, no caso do alegado envenenamento, em solo britânico, de um ex-espião russo.
A falar na sede a Aliança Atlântica, o secretário-geral atirou que o seu objetivo era enviar uma "mensagem clara" para Moscovo, refletindo os "custos e consequências para o padrão de comportamento perigoso e inaceitável", da Rússia, depois da "ausência de uma resposta construtiva em relação ao que aconteceu em Salisbury".
Sergei Skripal, um antigo agente russo e condenado por espiar ao serviço do Reino Unido, foi encontrado inconsciente, tal como a sua filha, no banco de um centro comercial, em Salisbury, no início de março.