'Picar o ponto' com impressões digitais. Cidadãos querem controlar presenças dos deputados
José Silvano, José Matos Rosa, Duarte Marques, Feliciano Barreiras Duarte. Os casos de falsas presenças de deputados no Parlamento sucedem-se. Na Internet, duas petições apresentam uma solução para um caso que consideram ser uma ameaça à Democracia.
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João Gentil acompanhou a polémica das falsas presenças dos deputados no Parlamento com uma certeza: a Democracia é quem mais sofre. "Quando lemos as notícias e vemos que apenas 14% dos deputados nunca faltaram a um plenário na Assembleia da República, quando o próprio presidente da Assembleia confirma que há irregularidades isto tudo põe em causa a imagem do Parlamento e isso é terrível".
Neste caso, considero que a solução é simples e nem sequer é muito inovadora: tal como acontece com outros funcionários públicos, os deputados devem registar a presença na Assembleia através das impressões digitais. "Os argumentos que foram decretados para os trabalhadores do Estado para usar o sistema biométrico, aplicam-se com transparência aos próprios deputados", defende.
João Gentil é profissional de saúde e não tem qualquer ligação partidária, mas sentiu o chamamento da cidadania e decidiu lançar uma petição na Internet para exigir isso mesmo. "Registo Biométrico da assiduidade para os deputados" , é o nome da petição, que em menos de uma semana já conseguiu mais de 2000 assinaturas.
"Estas petições, ao fim e ao cabo, são uma ferramenta fantástica para nós exercermos a nossa responsabilidade de cidadania, de darmos também uma ajuda para que a Democracia não se deixe contaminar"
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A mesma ideia teve Rui Martins, autor de outra petição que também defende o uso de impressões digitais: "Mudar a forma de registo dos deputados na Assembleia: Biometria em vez de passwords partilhadas" , é o título do documento na plataforma Petições Públicas.
Rui, que trabalha na área da informática, até já fez contas: um leitor de marca digital custa cerca de 15 euros; comprado em grande escala, fica ainda mais barato.
Uma solução acessível, que vem proteger a Democracia no país. Rui acredita que um sistema deste género "impedia que este tipo de artimanhas básicas, às vezes até grosseiras, acontecesse. Cada vez que isto acontece, há mais razões para a abstenção; quanto mais abstenção houver em Portugal, mais espaço se abre para aparecer de repente um movimento populista que ocupe rapidamente o espaço político".
Até porque Rui acredita que estes casos dos deputados do PSD não são únicos, nem estão limitados a este grupo parlamentar.
Esta não é a primeira petição que Rui Martins lança e já teve conquistas importantes. Logo na primeira iniciativa, em 2001, juntou 15 mil assinaturas. "É graças a ela que hoje não pagamos comissão no nosso multibanco", conta.
Noutros casos, os efeitos foram poucos ou nenhuns, como aconteceu com a petição que defendia uma investigação no caso dos submarinos e que chegou até a estar desaparecida.
Mas mesmo com as situações menos bem-sucedidas, Rui Martins não desiste. "É a única forma que os cidadãos têm de fazer chegar e de fazer propostas ao Parlamento. Neste caso, é imperativo fazer alguma coisa", afirma.
As petições já estão a circular.