Na hora da despedida, o ex-secretário-geral do PSD diz que as acusações de que é alvo no caso Berkeley são "tão inusitadas quanto absurdas". Um caso que "caiu por terra".
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Depois de uma semana e alguns dias de polémica, Feliciano Barreiras Duarte apresentou a demissão a Rui Rio. Uma demissão "tão irrevogável" que já foi aceite. A polémica estalou com o currículo do político. Em entrevista à TSF e em comunicado emitido minutos antes dessa entrevista, Barreiras Duarte defendeu-se das acusações.
"Não. Eu não coloquei no meu currículo que era professor convidado na Universidade de Berkeley". A frase é de Barreiras Duarte em entrevista exclusiva à TSF, onde faz a sublinhado: "aquilo que eu coloquei no meu currículo foi que era "visiting scholar" na Universidade de Berkeley, ou seja, professor investigador à distância".
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Já no comunicado sublinhou que "primeiro foi a acusação de não ter sido "visiting scholar" e de ter falsificado um documento que o provava", escreve. Uma acusação que, diz, ruiu rapidamente: "dois dias depois, quem acusou desdisse-se e a acusação, tão inusitada quanto absurda, caiu por terra; o que não impediu que a comunicação social e até alguns correligionários continuassem, até agora, e apesar da acusação ter deixado de existir, a bramar que eu tinha falsificado um documento e, por essa via, adulterado o meu currículo académico".
O caso está em inquérito na Procuradoria Geral da República. Barreiras Duarte diz que vai "aguardar serenamente os resultados do inquérito" sublinha que "quem não deve não teme, e eu não devo nada a ninguém para além da minha consciência".
No momento da saída, diz estar de consciência tranquila. Garante não ter tirado "qualquer proveito da Universidade de Berkely - nem financeiro, nem de grau académico, nem profissional, nem político".
O social democrata aponta o dedo aos opositores e diz que "não há, como foi criminosamente sugerido, quaisquer paralelismos com situações de falsas licenciaturas, feitas por equivalências, ou licenciaturas feitas ao domingo". Mas uma coisa Barreiras Duarte admite: imprudência. No comunicado diz que terá "sido imprudente manter tanto tempo essa referência, sem ter uma renovação formal do estatuto, mas a inscrição é sempre foi verdadeira, a universidade informou-me que estava inscrito".
Quanto ao seu percurso académico, ele "é claro e constitui a coluna vertebral da minha vida". Barreiras Duarte usa o comunicado para dizer que se licenciou "em Direito há mais de 20 anos, na Universidade Autónoma de Lisboa, com a classificação de 11 valores; completei o mestrado na mesma universidade em 2014, com a classificação de 18 valores; iniciei o doutoramento em Direito em 2015, na mesma universidade; dei aulas, primeiro como assistente auxiliar convidado e depois como professor auxiliar convidado, durante cerca de uma década, na Universidade Lusófona".
Sai com a imagem desgastada, mas em sintonia com o presidente do partido. No comunicado diz esperar "que a minha demissão faça cessar os ataques à direção do PSD". Barreiras Duarte espera também que Rui Rio e a direção do partido "consigam atingir os objetivos que justamente perseguem, pois isso é o que é o melhor para o País e deve constituir a única preocupação de todos e de qualquer de nós".