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Chanceler alemã esteve no Parlamento Europeu onde sugeriu que a "Europa precisa de se defender".
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A proposta para a criação de um exército europeu partiu da chanceler alemã, Angela Merkel, que num discurso em Estrasburgo, sugeriu que a "Europa precisa de se defender".
"Temos cooperação ao nível militar, e isso é muito bom, mas o que devemos fazer, e isto é muito importante, é trabalhar na visão de um dia criarmos um verdadeiro exército europeu", disse a líder alemã.
A afirmação provocou apupos em várias bancadas e a proposta não caiu bem aos eurodeputados portugueses. O comunista João Ferreira considerou que o discurso de Merkel foi "inquietante", acusando a Alemanha de querer mandar "mesmo" em tudo na Europa.
"Isto quer dizer de alguma forma isto: se a Alemanha já manda em quase tudo, o que a senhora Merkel vem aqui dizer é 'esqueçam lá o quase', e que mande mesmo em tudo, inclusivamente em questões de política externa e militares, com a constituição do exército europeu para defender os interesses geoestratégicos da Alemanha", disse em declarações à Lusa.
A mesma linha é seguida pela eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, afirmando que a Europa anda a alimentar as prioridades da economia alemã há muito tempo. "A minha posição sobre o Exército europeu é de oposição total. É apenas uma desculpa para alimentar a indústria do armamento, que alimenta as exportações da Alemanha e da França", sublinhou.
Já do lado do PS, o eurodeputado socialista Carlos Zorrinho defende o aprofundamento da cooperação militar na União Europeia, mas acha "infeliz" a expressão "exército europeu".
"A ideia de um exército europeu como uma ideia final é excessiva e não adequada", disse o eurodeputado socialista.
À direita, o argumento é o mesmo. O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel refere que o exército europeu sugerido por Merkel não é necessário e que Portugal não deve aceitar.
"Sinceramente, sou contra a ideia de um exército único, não me parece que seja uma coisa positiva", frisou.
Do lado do CDS, o eurodeputado Nuno Melo admitiu estar também em manifesto desacordo com as ideias lançadas por Angela Merkel, sublinhando a importância do papel da NATO na Europa.