Manuel Castro Almeida considera que o PSD vive um clima de "hostilidade" e apela a "tréguas".
Corpo do artigo
O vice-presidente do PSD, Manuel Castro Almeida, reconhece que o "ruído" dentro do partido está a impedir que o presidente Rui Rio passe para a opinião pública as propostas de oposição ao Governo, receando o "suicídio coletivo".
"Há um acentuar de críticas e de formulações alternativas. Basta ver o que se passou com este OE2019 [Orçamento do Estado]. (...) É bem certo que não há uma perceção pública das propostas do PSD. Em boa medida, porque há um problema que ainda não resolvemos, que é de ruído interno, que dificulta que as nossas propostas passem. Quando se fala de questões internas, não se fala de oposição", disse Castro Almeida, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença,
"É verdade que hoje há um clima de divisão, confrontação, de hostilidade no interior do partido que é excessivo, não é normal", afirmou, destacando que este clima está a "prejudicar a afirmação do partido e não deixa o partido afirmar as suas mensagens".
Questionado sobre como resolveria o "ruído interno", Castro Almeida sublinha que "há dois lados de um conflito e isto só se resolve se os dois lados resolverem aproximar-se".
"Tem de haver um esforço de aproximação de ambas as partes. O primeiro responsável por garantir a unidade do partido é o presidente e a direção. Mas também é necessário que do outro lado haja a aceitação plena dos resultados eleitorais", salientou.
Sobre se o outro lado seria a bancada parlamentar, o vice-presidente respondeu que não irá "invocar nomes de companheiros". "Não falo de nenhum nome em particular. Falo de companheiros que não se revêm na atual direção. Têm todo o direito de não se rever, mas têm também o dever de contribuir para que o partido não caia num suicídio coletivo. Isso é dever de todos. É necessário que haja do outro lado um período de tréguas. Porque, se não, quem perde é o conjunto do partido", sublinhou.
No entendimento de Castro Almeida, a solução não está na confrontação, mas no diálogo e na cooperação entre militantes.
Para o vice-presidente do PSD, o partido tem de se organizar internamente senão corre o risco de deixar que António Costa tenha uma maioria nas próximas eleições.
Questionado sobre o que acha sobre o primeiro-ministro, Castro Almeida lembra que António Costa "anda a apropriar-se de méritos que não tem".
"Não é bonito. Faz crer que tem um crescimento económico fantástico, quando, afinal estamos a deixar-nos ultrapassar por outros países. Faz crer que está a fazer um trabalho fantástico no défice, quando fez um trabalho mínimo, comparado com os três mil milhões por ano que Passos Coelho cortou. E apresenta-se como o campeão das contas equilibradas", disse.
De acordo com Castro Almeida, o "jogo de comunicação do Governo é muito mais poderoso do que o dos partidos da oposição".
"O PSD, por culpa nossa, não tem conseguido explicar isto às pessoas. Quando os portugueses interiorizam isto, esta realidade, pensam duas vezes e ficam abananados", referiu.
Sobre o caso das faltas do deputado José Silvano e de outros militantes, Castro Almeida lembrou que há um inquérito da Procuradoria-Geral da República e espera que o apuramento dos factos seja rápido.
"Quanto ao princípio, é tudo muito claro: qualquer deputado que falsifique uma presença merece censura. Não há desculpa para uma coisa dessas", concluiu.