O objetivo era atravessar o Polo Sul em 56 dias, passaram 32 e o percurso ainda está a meio. O clima tem sido a principal inimigo de Ângelo Felgueiras, que caminha para ajudar a Acreditar.
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Ao telefone, a partir da Antártica, Ângelo Felgueiras, piloto da TAP, descreve uma caminhada muito difícil, conta que um dos elementos da expedição decidiu desistir.
"É como estar a correr uma maratona na estrada ou na lama, a distância é a mesma mas cansamo-nos muito mais e isso causou danos sérios a ponto de uma pessoa desistir. Emocionalmente foi muito duro estar a caminhar para um ponto sem saber se podíamos continuar, porque temos um limite de refeições e de biocombustível e estávamos a queimar tudo isso. Ontem decidimos continuar e foi um enorme alívio."
O piloto da TAP está a angariar verbas para a Acreditar, uma associação que apoia crianças com cancro. Uma causa que promete defender e lutar com todas as forças.
"Só hoje podemos descomprimir, a primeira parte da viagem foi desastrosa em termos meteorológicos. Estávamos em risco de não poder continuar, os primeiros 100km demoraram 10 dias e nos últimos 8 dias fizemos 220km. Ontem tivemos a segunda desistência, neve muito mole provocou grande cansaço. Uma expedição de sete está reduzida a quatro, faltam 520 km para chegar ao Polo Sul."
Apesar do cansaço, descreve um cenário maravilhoso, mas alerta para as mudanças do planeta. "O mundo está mesmo a mudar, dentro da tenda estão 18 graus, já tive menos 47 graus lá fora e hoje dormi de tronco nu."
Passaram 32 dias desde o início desta aventura, conseguiram fazer metade do caminho e precisam recuperar tempo.
"A expedição estava prevista para 56 dias, no ano passado foi feita em 42 e em tinha esperança de este anos ficar abaixo dos 50 dias. Mas se continuássemos no ritmo que estávamos a ter precisávamos de 64 dias, o que significaria oito dias sem comer e provavelmente morríamos. A minha expectativa neste momento é esgotar os 55 dias", diz Ângelo Felgueiras.
A temperatura média tem sido de 25 graus negativos, "no dia em que estive exposto a temperaturas mais baixas estavam menos 47 graus, mas apesar de difícil estava a andar e sentia-se confortável".
Vai passar o Natal longe da família, mas diz que prefere pensar que "está a caminhar para ajudar os Barnabés da Acreditar e estes meninos vão passar o Natal em oncologia, também longe de casa e da família. Não posso desistir".
A viagem de Ângelo Felgueiras pode ser acompanhada na página do Facebook "Esquiar por uma causa".