Presidente da Transparência e Integridade afirma à TSF que Portugal está estagnado no combate à corrupção e que o Governo "mascara a realidade".
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O Presidente da Transparência e Integridade em nada se surpreende com o Índice de Perceções de Corrupção, um 'ranking' anualmente publicado pela "Transparency Internacional" e que revela que Portugal está dois pontos abaixo da média europeia no combate à corrupção.
"O relatório é resultado de um marasmo e da estagnação de Portugal no combate à corrupção. Não há um compromisso político nesse combate."
João Paulo Batalha admite que há alguns discursos de preocupação, mas não passa disso, ou seja, "não há ações nem políticas públicas" para combater a corrupção. "Se nós não tratamos do problema, ele não melhora", refere.
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Aliás, o responsável avança: "Desde 2012 que a pontuação de Portugal, neste índice, não se altera significativamente. É o resultado da falta de vontade política de levar a sério um problema que é reconhecido como um dos mais gritantes do funcionamento da nossa democracia."
Comissão para a Transparência nasceu "à força"
Um dos problemas, explica João Paulo Batalha, é que a Comissão para a Transparência surgiu impulsionada por recomendações internacionais, na sequência de escândalos de falta de ética e de transparência na atividade política e não propriamente para combater a corrupção. "Como é uma reação, sem verdadeira vontade de conhecer as questões e apontar soluções para os problemas, está a marinar há quase três anos, sem produzir resultados", aponta.
E os resultados produzidos, eventualmente este ano, prossegue o presidente da Transparência e Integridade, "medem-se em avanços de milímetros e não em metros".
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Governo mascara a realidade
João Paulo Batalha não tem dúvidas que "o Governo mascara a realidade, em vez de enfrentá-la." Exemplifica com "a birra, que veio a público, entre o executivo e a OCDE, exatamente sobre um relatório que pode e deve incidir nas questões da corrupção". O responsável refere-se ao esboço do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sobre as perspetivas económicas para Portugal, que deixaram o país mal na fotografia sobre a perceção da corrupção quando comparada com outros países.
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O documento, de que o Governo não gostou, defendia a criação de um registo eletrónico com os interesses patrimoniais dos políticos, entre outros.
O presidente da Transparência e Integridade conclui que "não há um padrão de ética no Governo, nem na política, em geral e o resultado é esta estagnação no combate à corrupção."
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