Linfoma tem boa taxa de sobrevivência, mas pandemia atrasou diagnóstico de novos casos
Em Dia Mundial do Linfoma, o coordenador do serviço de Hematologia do IPO do Porto acredita que a pandemia atrasou o diagnóstico de novos casos da doença, sobretudo entre doentes com sintomas mais leves, que adiaram a procura de um médico.
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O linfoma é um tumor maligno do sangue, que provoca um crescimento anormal das células do sistema linfático. Tem cura e, por ano, são diagnosticados cerca de 300 novos casos.
No Dia Mundial do Linfoma, José Mário Mariz, coordenador do serviço de Hematologia do IPO-Porto, sublinha que reconhecer os sintomas é o primeiro passo para o diagnóstico da doença.
Em declarações à TSF, o médico explica que o sintoma mais frequente é o aparecimento de um pequeno tumor nas regiões onde existem gânglios, sobretudo no pescoço, axilas e regiões inguinais.
"É uma das manifestações mais frequentes, que pode estar de forma isolada, pode provocar alguma dor ou pode acompanhar-se de outros sintomas como a febre, a perda do apetite, o emagrecimento, cansaço", explica.
José Mário Mariz reconhece que a pandemia pode ter atrasado o diagnóstico de novos casos, apesar de não ter ainda dados concretos.
"Eu não tenho números exatos mas é óbvio que muitos doentes adiaram o recurso aos centros de saúde ou a procura de um médico e, seguramente, que atrasaram o diagnóstico em alguns casos. É quase certeza. Sobretudo aqueles doentes que tinham sintomas mais leves", lamenta.
O Linfoma abrange um conjunto de doenças com origem em células do sistema imunitário, os linfócitos, afetando todas as idades. Existem vários tipos de linfoma mas agrupam-se, sobretudo em linfomas de Hodgkin e os linfomas não Hodgkin.
José Mário Mariz explica que o tratamento da doença consiste sobretudo em quimioterapia com uma taxa de sobrevivência elevada. Ao contrário da maioria das doenças oncológicas, onde a cirurgia é fundamental para obter a cura, no linfoma a cirurgia não tem nenhum papel relevante. Surge sobretudo para colher uma amostra para o diagnóstico mas tem um papel curativo.
"Felizmente, com a quimioterapia que temos hoje conseguimos uma percentagem significativa, dependendo da doença. nNs linfomas não Hodgkin, se calhar 60% dos doentes ficam curados. Nos linfomas de Hodgkin, aquele que afeta mais os jovens, a nossa perspetiva é que 80% dos jovens fiquem curados", explica.
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