"Não vou estar em casa no Natal." Português desespera e relata abandono em Inglaterra
Os camionistas não possuem qualquer informação oficial. "Isto não é nada", lamenta Filipe Maio.
Corpo do artigo
Com as fronteiras aéreas e terrestres fechadas no Reino Unido, devido à nova estirpe do coronavírus, os camionistas são os que mais sofrem com as restrições. Como tantos outros, Filipe Maio saiu de Vila Nova de Gaia há cerca de um mês, com tudo planeado para voltar a casa a tempo do Natal.
O motorista português preparava-se para regressar há três dias, quando foi travado no porto de Dover. Está, desde então, numa estação de serviço britânica, e falta-lhe quase tudo.
"Há pessoas a emprestarem água no parque, já cortaram água potável nas bombas. Não conseguimos lavar louça, nem ter água para cozinhar. Temos de emprestar mantimentos uns aos outros, ninguém está preparado para ficar tanto tempo fora de casa, nestas condições", lamenta.
TSF\audio\2020\12\noticias\22\dora_pires_18h
Filipe Maio está cercado por camiões parados em todas as direções. Vai valendo a companhia de outros portugueses, porque das autoridades, nem sinal.
"Estamos no século XXI, não somos bonecos que podem ser descartados. Somos seres humanos, devia haver respeito da parte das autoridades. Pelo menos passar um carro da polícia a perguntar se esta tudo bem e se precisamos de alguma coisa. Isto não é nada."
Os camionistas também não possuem qualquer informação oficial. Existem, no entanto, rumores que são preocupantes. "Redirecionaram centenas de camiões para um aeroporto no Norte de Londres. Pensa-se que vão começar a fazer exames em massa aos camionistas. Só depois do teste, e se não for detetado o coronavírus, é que deixam passar para França", explica.
13163678
Ainda assim, Filipe Maio não vê maneira de ultrapassar tantos obstáculos de forma a passar o Natal com a família.
"Tenho uma fila de quilómetros para chegar ao aeroporto. Depois ainda tenho de ir para o barco, que também já tem uma fila de 17 quilómetros. Vai demorar pelo menos dois dias, e depois tenho de ir para casa que ainda vai demorar. Não conto estar em casa no Natal", lamenta.
Ao Filipe Maio resta esperar, algures no Sul de Inglaterra. Para Vila Nova de Gaia vai uma mensagem de Natal para a família: "Desejo um Feliz Natal a todos e passem o melhor que conseguirem."
Entretanto, os motoristas fizeram uso das buzinas dos camiões e protestaram pela falta de condições para sair de Inglaterra.
1341419728565374980
13164682