O diretor-geral da Saúde defendeu que os portugueses devem declarar guerra ao consumo abusivo de antibióticos, salientando que o país tem um problema de resistência das infeções.
Corpo do artigo
«Temos um problema em Portugal que é, sobretudo, a resistência das infeções e, uma vez as bactérias resistentes, os antibióticos deixam de fazer efeito. Isto é um problema absolutamente dramático, todos nós temos de combater este problema em conjunto, não são só os médicos», afirmou Francisco George.
No entender do diretor-geral de saúde, «todos os portugueses devem declarar guerra ao uso abusivo e indevido de antibióticos e trabalharmos no sentido de reduzir a taxa de resistência que é alta no nosso país».
O responsável, que falava aos jornalistas à margem do 3.º Congresso Ibérico dos Serviços de Urgência dos Hospitais EPE (entidades públicas empresariais), no qual foi orador, no Funchal, considerou que os portugueses consomem «antibióticos a mais e de uma forma, muitas vezes, indevida, não só em excesso, no plano quantitativo, como também nas questões ligadas ao tipo, à qualidade da administração do antibiótico».
«Não devemos usar antibiótico por iniciativa própria, a chamada automedicação é absolutamente uma contraindicação», salientou, referindo que «o antibiótico é um medicamento muito importante, tem de ser guardado, tem de ser preservado e deve ser tomado, exclusivamente, por prescrição médica» em «regra, nunca mais de cinco dias».
Para Francisco George, «esta é a regra base», e «saber qual o antibiótico mais indicado» e se a doença que implica a sua administração «tem ou não tem indicação formal para fazer esse tipo tratamento».
«Há doenças, como infeções respiratórias, que são provocadas por vírus, e as doenças de natureza viral não devem ser tratadas com antibióticos, porque os antibióticos só fazem efeito a combater indicações de natureza bacteriana», advertiu o diretor-geral da saúde.
Francisco George frisou que «não são os cidadãos que podem saber se têm uma infeção bacteriana ou viral, são os médicos, depois de determinados exames, e este é um trabalho de grande seriedade».