O Presidente da República afirmou hoje que não quer uma «magistratura negativa e conflitual» e frisou a urgência de preparar o "pós-troika", «independentemente de quem seja Governo».
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«Sempre discordei daqueles que entendem que a magistratura presidencial deve ser uma magistratura negativa e conflitual, daqueles que têm uma visão do Presidente da República como um ator político que participa e se envolve no jogo entre maiorias e oposições, na busca, muitas vezes, do engrandecimento do seu protagonismo pessoal», afirmou o chefe de Estado, na sessão solene do 10 de Junho, em Elvas.
Cavaco silva sublinhou que o contributo de um chefe de Estado deve ser dado pela positiva e afirmou que tem procurado «apontar caminhos de futuro e linhas de rumo que mobilizem os cidadãos e reúnam em seu torno um amplo consenso entre agentes políticos, económicos e sociais».
«Adotei como princípios-chave da minha atuação a cooperação estratégica e a magistratura ativa», frisou, recusando a visão daquele que querem «alimentar o pessimismo e contribuir para o desânimo dos Portugueses, pois são sentimentos que a nada conduzem».
Nesta intervenção, Cavaco Silva destacou ainda a necessidade de Portugal preparar o "pós-troika".
«Desenganem-se os que pensam que o "pós-troika" é longínquo. Pelo contrário, o futuro avizinha-se e, independentemente de quem seja Governo, os desafios serão tão grandes que temos de começar, desde já, a antecipá-los e a prepararmo-nos. E a prepararmo-nos bem, para podermos ter sucesso», afirmou.
Notando que nessa fase Portugal já não contará com a garantia de financiamento das instituições internacionais e ficará inteiramente dependente da confiança dos mercados e dos investidores para assegurar o financiamento do Estado e da economia, o Presidente da República sustentou que as perspetivas de crescimento da economia e de criação de emprego no período "pós-troika" dependerão «criticamente do consenso social» que se conseguir preservar e do «compromisso quanto às linhas de rumo do país, num horizonte temporal de médio prazo, que às forças políticas compete estabelecer».
Cavaco Silva sustentou que é necessário localizar a aproveitar as potencialidades que existem e que «são muitas».
«O mar, desde logo, mas também o património histórico são ativos de que o país dispõe e de que não podemos prescindir na hora presente», declarou.
Numa intervenção em que falou longamente da agricultura, o chefe de Estado debruçou-se também sobre a questão do património histórico, congratulando-se por existir atualmente «uma consciência mais clara sobre a importância do património».