O Presidente da República inicia esta segunda-feira as comemorações oficiais do 10 de Junho, este ano na Guarda. No rescaldo das eleições europeias e com o diferendo aberto entre o Governo e o Tribunal Constitucional, há razões para interesse redobrado sobre o que dirá o Chefe de Estado.
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O Presidente da República dá início, esta segunda-feira de manhã, às comemorações oficiais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. As cerimónias decorrem este ano na Guarda e vão prolongar-se por dois dias.
O ponto alto das comemorações, gerador de maior expetativa face ao atual estado político do país, será o discurso que Cavaco Silva fará terça-feira.
Em 2013, a intervenção do Presidente da República surpreendeu muitos analistas políticos pelo tema. Cavaco colocou o foco na agricultura, aflorou a questão da recuperação do património e passou quase ao lado da situação política do país.
Nessa sessão solene, o Chefe de Estado fez questão de sublinhar que sempre havia discordado daqueles que entendem que a magistratura presidencial deve ser uma magistratura negativa e conflitual. E foi mais longe ao dizer que também não estava de acordo com aqueles que têm uma visão do Presidente da República como um ator politico que participa e se envolve no jogo entre maiorias e oposições.
Em Elvas, o presidente disse que queria dar contributos pela positiva e apontar caminhos de futuro que reúnam um amplo consenso entre agentes políticos, económicos e sociais. No mês seguinte, "caiu-lhe uma crise no colo" com as demissões de Vítor Gaspar e Paulo Portas.
Desde então, a palavra consenso esteve quase sempre presente nas intervenções públicas de Cavaco Silva que, ainda sexta-feira passada, fez questão de sublinhar a importância de todos os agentes politicos manterem a serenidade, o bom senso e que trabalhem para que o país possa resolver os problemas que tem.
O Presidente da República manifestou convicção de que todos as dificuldades levantadas serão ultrapassados mas alertou para o custo muito elevado que uma crise política teria para os portugueses, deixando claro que não valerá a pena pressioná-lo porque não cederá a pressões.
Para o professor de ciência política António Costa Pinto, neste 10 de Junho, o Presidente da República não irá desviar-se dessa linha de pensamento.
Por seu turno, o comentador Carlos Jalali considera que, à semelhança do que aconteceu no ano passado, é provável que Cavaco Silva deixe de fora do discurso especiais considerações sobre o momento politico.