O protesto começou à tarde e terminou pelas 22:00 desta sexta-feira. Centenas de camiões percorreram, em marcha lenta, várias ruas de Lisboa e acabaram por concentrar-se na Alta da cidade.
Corpo do artigo
Ao final da tarde, os ânimos chegaram a exaltar-se quando os suinicultores tentaram atravessar a Segunda Circular, junto ao aeroporto, em Lisboa, mas foram impedidos por elementos da polícia, o que provocou alguns momentos de tensão entre manifestantes e elementos policiais.
Pelas 21.00, o clima de tensão estava ultrapassado, mas os produtores ainda não tinham decidido se abandonavam o protesto.
Cerca de 250 camiões que percorreram algumas vias da cidade em marcha lenta durante a tarde concentraram-se na Avenida Santos e Castro, na Alta de Lisboa por indicação da polícia.
"Estamos aqui presos. A polícia de Lisboa conseguiu trazer 5 quilómetros de camiões para esta avenida. Estamos aqui presos, guardados por polícias em todo o lado", disse à TSF Carlos Dinis, membro do gabinete de crise dos suinicultores.
A via está encerrada ao trânsito, com os camiões agrupados.
Carlos Diniz lamentou que os suinicultores estejam retidos e sublinhou que o protesto é pacífico e ordeiro. "Agora queremos ir embora e a polícia fechou a avenida com dois carros", disse.
Noutro ponto da cidade, no terreiro do Paço, a delegação de suinicultores que tentou ser recebida pelo ministro abandonou o local sem conseguir conversar com Capoulas Santos.
Em comunicado, o ministério diz que vai continuar "empenhado na busca de soluções, tanto no plano nacional como no plano comunitário, que possam contribuir para atenuar os efeitos da crise, que infelizmente atinge o setor a nível europeu".
Marcha lenta durante a tarde
O protesto dos suinicultores começou cerca das 15:00 com "bem mais de 250 camiões" que entraram pelas principais vias de acesso à cidade: "A1, Ponte 25 de Abril, Ponte Vasco da Gama e eixo norte-sul", disse o presidente da Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores.
Vítor Menino adiantou que a manifestação foi espontânea. "Por acaso creio que foi espontânea. Nós não somos profissionais disto e só à última hora é que nos apercebemos que deveríamos ter avisado a câmara de Lisboa mas enfim, é o amadorismo destas coisas", disse Vítor Menino
Concentração no Terreiro do Paço
Um grupo de suinicultores e famílias concentrou-se no Terreiro do Paço tentando ser recebido pelo ministro da Agricultura mas apenas conseguiu chegar à fala com um assessor e com o chefe de gabinete de Capoulas Santos.
"Estamos à beira do colapso da suinicultura. Há milhares de animais em Portugal que não têm um grão de farinha dentro dos silos para que possam comer porque os suinicultores não têm dinheiro para a pagar" disse João Correia, porta-voz dos suinicultores depois de ter levado ao ministério uma gaiola com um leitão dentro como oferta ao ministro.
Queixas antigas
Os suinicultores queixam-se de que a carne de porco é vendida abaixo do custo de produção, o que torna insustentável esta indústria, e defendem que a medida que pode tirar o setor da crise é o fim do embargo da União Europeia à Rússia, exigindo maior pressão do Governo sobre a Europa nesse sentido.
O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que se reúne na segunda-feira com os seus homólogos dos países da União Europeia, disse à agência Lusa que vai propor o "estabelecimento de um regime de quotas de produção" que, no caso do setor leiteiro, ao limitar a produção, permitiu nas últimas décadas manter os preços equilibrados".
O governante adiantou que vai defender apoios acrescidos à armazenagem, limiares de preços para produtos como o leite em pó e a manteiga e outras medidas temporariamente limitadoras da produção, como a redução do número de fêmeas reprodutoras no setor da carne de porco, e apoios à produção por cabeça de gado.
Portugal defende que a União Europeia negoceie, no plano político, para que seja levantado o embargo russo aos produtos europeus.
"As exportações para a Rússia estão há vários meses bloqueadas e os russos são grandes clientes de carne de porco e produtos lácteos da União Europeia e essa tem sido uma das razões que têm provocado a inundação do mercado interno e a consequente pressão negativa sobre os preços", recordou o ministro.
Capoulas Santos defendeu ainda que quaisquer ajudas a ambos os setores terão de passar por "medidas comunitárias", mas "admitiu adotar outras medidas" no plano nacional e anunciou já uma redução em 50% dos pagamentos à Segurança Social desses trabalhadores a partir de abril e até dezembro.