Um livro que ajuda a contar a História do país. A memória fotográfica de Rui Ochôa é um mapa aberto sobre os primeiros 25 anos de democracia. O segundo volume 00/24 será lançado no próximo ano. Perseguindo as transformações do país e do mundo palmilhado pelo fotojornalista. 74/99, lançado hoje na Sociedade Nacional de Belas Artes, é o testemunho de uma longa viagem.
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Começou no JN, e descreve a entrada no ofício do jornalismo como algo "fascinante". A fotografia ainda não se revelara, nesses primeiros anos, mas é ainda no Jornal de Notícias que publica a primeira foto.
Festejava-se nas ruas do Porto a vitória de Portugal à Coreia do Norte por 5-3, no Mundial de 1966. Depois veio a tropa, o curso de Economia já ficara pelo caminho e é em Lisboa, ainda na delegação do JN, que viaja para os Açores, à boleia de Ramalho Eanes, então Presidente da República, para fazer a cobertura do terramoto na ilha Terceira, em 1980. Foi o primeiro a chegar. Dali à redacção do semanário Expresso, onde trabalhou 31 anos, Rui Ochôa fez-se ao mundo, com a máquina fotográfica sempre por perto, pronta a disparar. O livro lançado hoje na Sociedade Nacional de Belas Artes 74/99 era um desejo antigo, forjado num vasto arquivo, "que preservei desde o momento zero", minuciosamente catalogado e cuidado. Não foi fácil escolher as fotografias que agora podemos folhear neste documento de 320 páginas com um texto de apresentação de Marcelo Rebelo de Sousa. A lente do "grande fotógrafo", como o descreve o Presidente da República, vai para além do disparo. "Rui Ochôa retrata o momento, decifra-o, integrando-o na História." Pode um fotógrafo ser um historiador? Rui Ochôa acredita que sim. "Este livro é um livro de estórias da História."
E uma oportunidade para se falar da criação de um Arquivo Nacional de Fotografia. "Já falei com o ministro da Cultura e ele ficou muito interessado. A memória não pode ficar na gaveta."
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O livro 74/99 tem a chancela da Casa das Letras e reúne cerca de 250 fotografias que retratam o país desde o 25 de Abril de 1974 à saída do último governador de Macau, a 19 de Dezembro de 1999.
Mais do que uma legenda, cada fotografia tem um texto que contextualiza o acontecimento no tempo, no país e no mundo.
Até 8 de Julho pode ver na galeria da Sociedade Nacional de Belas Artes, a exposição que ajuda a fazer o caminho traçado pelo fotojornalista na edição deste livro. A curadoria é de Elisa Ochôa e a entrada é grátis.
A autora não segue as normas do novo Acordo Ortográfico