PCP e Bloco de Esquerda levam projetos de lei a debate à boleia da petição dos sindicatos dos professores. Partidos falam em "justiça" e apelam a PS, CDS e PSD para irem a jogo.
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A reivindicação já é antiga e todos já ouvimos a expressão "9 anos, 4 meses e 2 dias" várias vezes na comunicação social ao longo dos últimos anos. Hoje vamos novamente ouvi-la a propósito da petição dos sindicatos dos professores que juntou mais de 60 mil assinaturas e dos projetos de lei que PCP e Bloco de Esquerda levam a plenário.
O objetivo dos partidos é simples: a contabilização integral de todo o tempo de serviço das carreiras especiais da Administração Pública. O modo? Faseado até 2025.
O calendário é comum aos dois partidos que esperam que os restantes partidos "vão a jogo". A deputada comunista Ana Mesquita sublinha que esta é uma oportunidade para resolver o assunto e que "o Partido Socialista devia vir a jogo alterar a sua mão e emendar aquilo que tem feito e que tem prejudicado objetivamente os trabalhadores da administração pública". Mais: "esta permanência neste erro não traz nada de positivo a uma política que respeite efetivamente os direitos dos trabalhadores".
Pela mesma bitola alinha Joana Mortágua, mas chamando também à pedra o PSD e o CDS. Alegando que a defesa dos professores feita pelos partidos à direita na legislatura passada "não passou de retórica", a deputada do Bloco de Esquerda sublinha que "esta é a segunda oportunidade que têm para votar". "Naturalmente esperamos os votos de todos aqueles que na Assembleia da República dizem defender a escola pública e os professores, que agora venham a jogo e que venham votar a recuperação do tempo de serviço como é justo", nota a bloquista.
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Ambos os projetos de lei que vão estar uma vez mais em discussão no hemiciclo, preveem como forma de mitigação orçamental que o tempo possa ser convertido em vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões da carreira ou como antecipação do acesso à reforma.
Sei o que fizeste no verão passado...
Não muito longe está o "caso dos professores" que incendiou os ânimos e até suscitou uma ameaça de demissão do primeiro-ministro.
Apesar do fantasma que ainda paira na cena política nacional, na sequência de uma declaração política na Assembleia da República, o deputado do PSD Luís Leite Ramos sublinhou que o sentido de voto do partido "é o de sempre". "Têm de ser salvaguardadas as condições financeiras para que possa ser pago e garantindo, ao mesmo tempo, outras medidas", respondeu o deputado social-democrata instigado por Joana Mortágua a votar favoravelmente o projeto de lei bloquista.
Garantindo que o partido não mudou de opinião em relação à legislatura passada, Leite Ramos sublinha que o PSD "manterá sempre a mesma postura na defesa dos professores, da recuperação do tempo e a sua valorização".
Com a presença de professores em protesto nas galerias da Assembleia da República, o debate segue esta tarde com as votações a acontecerem no plenário de sexta-feira.