O Conselho Económico e Social vai discutir esta terça-feira ao longo do dia, o papel da administração pública no Estado. À TSF, Correia de Campos sublinha que tem faltado pensamento estratégico nesta área, nos últimos anos.
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O presidente do Conselho Económico e Social defende que os cortes registados nos últimos anos na administração pública geraram poupanças, mas também a falta de um caminho. Correia de Campos vai mais longe e denuncia, em entrevista à TSF, um desgaste na administração pública, provocado pela falta de um pensamento estratégico.
"A administração pública está profundamente desgastada do ponto de vista qualitativo, porque todas as pessoas com mais experiência estão todas a reformar-se, mas também do ponto de vista quantitativo. É necessário que o pensamento estratégico comece logo por aí. Por pensar se estamos ou não a ter os recursos essenciais a servir os cidadãos."
O órgão presidido por Correia de Campos vai discutir esta terça-feira ao longo do dia, o papel da administração pública no Estado. Num momento de alguns setores do Estado não conseguem responder com normalidade à prestação dos serviços público, desde a educação à saúde passando pela segurança social, Correia de Campos recorda que nos anos da troika a administração pública esteve sob forte pressão que para se conseguir reduzir a despesa cortou-se também nos serviços e nos efetivos, sem qualquer estratégia definida.
"Essa pressão de redução da despesa através da redução de efetivos não só afastou as preocupações com a melhoria das condições de trabalho da função pública - nomeadamente a revalorização profissional e a recuperação de rendimentos durante a primeira fase até ao pico da crise e fez outras coisas muito positivas como as simplificações de procedimentos - mas não teve uma visão estratégica. Mantivemos a mesma administração do passado, emagrecemo-la, cortámo-la (às vezes, drasticamente) e não sabemos que administração queremos nós para o futuro. Pior do que isso: o que se fez foi um desastre, foi destruir o INA [Direção Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas] que era a instituição que concentrava o conhecimento e que formava, sobretudo, os altos quadros da administração pública", sublinha.
Na sessão desta terça-feira, ao longo do dia na Fundação Gulbenkian, Correia de Campos quer partir de exemplos bem conseguidos para criar o tal pensamento estratégico.
"Nós temos uma sessão que vai analisar as histórias de sucesso nos cidadãos, empresas e administração pública, presidido pelo professora Maria Manuel Leitão Marques - que foi a criadora e principal impulsionadora do simplex - e temos outra sessão, presidida pelo doutor Paulo Macedo, que nos vai falar na experiência da modernização da Autoridade Tributária. Com base nestas duas sessões, nós estamos mais bem equipados do ponto de vista intelectual para poder gerar pensamento estratégico", remata.