"A alguns até foram propostos mais dias." Confirmadas baixas a todos os GNR chamados a centros clínicos
A Associação dos Profissionais da Guarda vê esta convocação dos militares aos centros clínicos da GNR como uma forma de pressão do Ministério da Administração Interna.
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Nos últimos dias, os guardas da GNR que apresentaram baixas médicas estão a ser chamados a centros clínicos, mas o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, César Nogueira, garantiu à TSF que todas as baixas foram passadas por médicos.
"Os que tinham colocado baixa médica durante ou que se tivessem deslocado a um hospital e que tivessem uma declaração de terem estado num hospital serão chamados para se apresentarem no centro clínico, no Porto e soubemos que também em Guimarães, onde têm um médico avençado pela guarda para certamente confirmarem as baixas médicas. Agora temos a dizer é que quem estava de baixa tinha baixas emitidas pelos médicos, não era autodeclaração, como os demais cidadãos podem fazer. Nós na GNR não podemos fazer, o nosso Estatuto não permite isso e, por isso, têm que ser baixas passadas por médicos. Alguns deslocaram-se, porque se sentiram mal ou por qualquer outro motivo que eu desconheço, ao hospital, receberam tratamento hospitalar e depois apresentaram essa declaração para aquele dia", explicou César Nogueira.
O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda garante que, até agora, todos os que já foram avaliados nos centros da GNR tiveram a baixa confirmada.
"Sabemos já na data de hoje, daqueles que foram chamados, pelo menos daqueles que temos conhecimento, a todos eles foram confirmadas as baixas. A alguns deles até foram propostos mais dias de baixa, não só aqueles dias que tinham de baixa, mas propostos mais dias. Certamente porque o próprio médico que os viu no centro clínico viu que, de facto, necessitavam de mais cuidados e de mais dias para se restabelecer. Isto certamente é um acumulado. Não se fala muito nisto e nós temos pegado muito neste assunto. A Associação de Funcionários da Guarda e, no geral todas as estruturas sindicais, pegam um bocado nestas duas questões, que são o porquê de tantos suicídios nas forças de segurança e o burnout, que é uma doença que existe nas forças de segurança e é transversal a quase todos os profissionais", alertou o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda.
Para César Nogueira, esta convocação dos militares aos centros clínicos da GNR é uma forma de pressão do Ministério da Administração Interna.
"Só pode ser duas coisas: ou querem pôr em causa os médicos que passam as baixas ou então querem, de facto, confirmar se os guardas estão doentes e, se não estão, porque é que estão a dizer que estão. As duas coisas vão dar à mesma situação. Claro que não sou inocente ao ponto de dizer que isto não tem a ver, em parte, com os protestos, mas isso é um acumular de coisas em que a parte psicológica está afetada já há muito há muito tempo, não é de agora. Agora é que os profissionais já estão cansados de ser sempre exigido trabalho e não serem recompensados por isso. É um acumular de coisas. Basta ver a situação dos veículos em que os profissionais disseram que, se os veículos não estivessem em condições, não pegavam neles. Isso é legítimo, já deveriam ter feito isso há muito tempo. Já o fiz e faço todos os dias se o veículo que eu for andar de serviço não tiver as mínimas condições de segurança, não pego nele. Não quero saber se não têm mais veículo nenhum porque não sou eu que tenho que saber disso. Quem tem que saber disso é o ministro da Administração Interna e o comandante geral, que tem que exigir ao ministro da Administração Interna", acrescentou.
Já a Polícia de Segurança Pública disse à TSF que ainda não pode confirmar a origem da declaração de baixa médica que foi entregue pelos polícias no sábado e que obrigou ao adiamento do jogo de futebol entre o Famalicão e o Sporting. Os polícias têm cinco dias úteis para justificar a ausência ao serviço e apresentar os comprovativos de baixa por doença.
Neste esclarecimento enviado à TSF, a PSP indica que na polícia, à semelhança da GNR, não são aceites autodeclarações de doença. Por isso, as baixas têm de ser atestadas por um médico.