A associação "inventada às três pancadas" que conseguiu 350 mil euros de subsídios
Um dos casos da semana foi o de uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) que não existe, mas que conseguiu 350 mil euros de fundos públicos.
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Segundo uma investigação do jornal Público, assinada pelo jornalista José António Cerejo, a associação "L"Atitudes - Associação para a Dinamização de Projetos e Redes Globais de Cooperação e Desenvolvimento" terá sido criada em 2010 pelo anterior e pelo atual presidente da Câmara de Castelo Branco, juntamente com outros autarcas socialistas da região, mas nunca foi reconhecida oficialmente, nem se lhe conhece qualquer atividade. Ainda assim, conseguiu 350 mil euros de subsídios para instalar a sede num edifício camarário.
O caso levou Ricardo Araújo Pereira a querer ser "ministro não-governamental", cargo que confessou ser uma coisa "inventada às três pancadas", tal como parece ser a ONGD em causa. Como o caso é complexo, o humorista resume: "há uma ONGD em Castelo Branco, que não revela o que faz, que não mostra o relatório de atividades, que não diz quem são os sócios, e não é uma "Organização Não Governamental para o Desenvolvimento" porque precisa de uma certificação que não têm. Tirando isso, está ótima".
Para Ricardo Araújo Pereira, o nome da suposta ONGD diz tudo: se "L"Atitudes" lhe dá "um perfumezinho francês", o resto é uma coisa interminável que não significa nada, e "quem já fez trabalho de grupo na escola, sabe que é uma frase para encher. Assim, o nome mistura o perfume francês com a capacidade portuguesa para falar sem dizer nada", conclui o humorista.
Em sua defesa, a associação terá enviado à comunicação social um comunicado, que não é assinado por ninguém, e em cujo ponto sete se lê o seguinte: "Independentemente de poderem ter existido formalismos não essenciais que, à data, não tivessem sido integralmente cumpridos, tal facto não permite ao jornalista concluir que foi "inventada" uma ONG" - João Miguel Tavares lembra que "os pequenos formalismos" mencionados são "existir e fazer alguma coisa".
O Ministério Público instaurou um inquérito judicial para investigar o caso.
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