Carta de Louçã e 300 economistas. "Covid-19 pode destruir zona euro. É tempo de eurobonds"
Grupo de 300 economistas - entre os quais Francisco Louçã - pede uma solução conjunta para enfrentar economicamente a Covid-19.
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É com um aviso que começa a carta aberta que Francisco Louçã - entre 300 economistas - dirige ao Conselho Europeu: "A crise do Covid-19 pode destruir a zona euro."
O economista e fundador do Bloco de Esquerda faz parte de um grupo que defende a emissão de um "instrumento comum de dívida" para fazer face aos custos e impactos orçamentais no combate à pandemia de Covid-19.
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"O BCE afirmou que faria o que for necessário. Indicou que poderia usar as políticas monetárias necessárias e que financiaria e apoiaria o esforço orçamental", recorda o conjunto de economistas - onde se incluem Mark Blyth, Thomas Piketty ou Gabriel Zucman.
Na carta aberta pode ler-se que "nenhum Estado membro deveria ter que recorrer a um bail-out ou assinar um novo memorando para acesso a fundos de emergência".
Assim, e porque está é "uma crise europeia, exige uma solução europeia", lê-se no documento que termina com um apelo à união: "Agora é tempo de ação. É tempo de solidariedade. É tempo de eurobonds."
No comentário que acrescenta à carta original, Francisco Louçã lembra mesmo que está um proposta que está em cima da mesa "há quarenta anos" e que "se não for aceite, ou outra com os mesmos efeitos, o risco de grave recessão e de crise de dívida volta a impor-se".
À TSF, Francisco Louçã explica que vai ser necessário "um esforço do lado da oferta e da procura" e que, uma vez que precisa de ser financiado, "vai provocar défices".
Para proteger as economias do aumentos dos juros da dívida, a forma "mais imediata" de o fazer é a "emissão de títulos de dívida europeia com um juro referencial baixo".
A carta foi escrita "em poucas horas" e, por isso, a representação não é mais ampla do que poderia ter sido, ressalva Louçã.
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Esta sexta-feira, também o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defende a emissão de eurobonds (títulos de dívida lançados numa moeda diferente da nacional) para enfrentar a crise económica resultante da Pandemia da COVID19.
Carlos Costa escreveu um extenso artigo na edição desta manhã do Jornal Económico onde diz que a emissão de títulos de dívida comunitários é uma resposta do lado orçamental a este momento de dificuldade, apoiando o pedido que partiu do governo de Roma.