"É a destruição da Petrogal." Fim da refinação pode levar ao despedimento de 300 pessoas
Sindicato considera que fim da refinação da Galp em Matosinhos é uma "bomba". Implicará o despedimento de centenas de trabalhadores e pode mesmo comprometer a empresa.
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A Galp anunciou, esta manhã, que vai deixar progressivamente de produzir combustíveis na Refinaria de Matosinhos, com manutenção apenas da componente logística para abastecimento do mercado regional. O futuro das instalações não está ainda definido, mas entrará em curso um estudo para a conversão.
A administração da GALP vai reunir-se esta manhã com Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Telmo Silva, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadores do Norte, diz à TSF que a notícia é uma "bomba", porque implicará uma "redução drástica", que deverá alcançar perto de 300 trabalhadores. Também de acordo com Telmo Silva, "trabalhadores de outsourcing e de prestação de serviços" poderão aumentar esse número de dispensas para "600 ou 700 pessoas".
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"Isto é uma bomba que caiu no centro dos trabalhadores", atirou o sindicalista. "Os sindicatos vão requerer já reuniões com a empresa, de urgência, com o Ministérios do Trabalho, do Ambiente... Porque isto é uma situação que tem de ser acompanhada por todos os intervenientes com grande preocupação."
Telmo Silva adianta que a decisão espoletará um "impacto económico e social, não só na refinaria, como em milhares de postos de trabalho na envolvência da refinaria".
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"Presumo que a Câmara de Matosinhos também esteja muito preocupada com esta situação, porque isto vai ser catastrófico para a cidade de Matosinhos", considera o representante do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadores do Norte, que fala no "desaparecimento de um dos maiores polos industriais do Norte do país, de uma forma muito apressada".
O sindicalista diz tratar-se do início de um fim anunciado, já que a "redução enorme da empresa" será irreversível. "Isto é a destruição da Petrogal", antevê. "Quando as empresas enveredam por este caminho, estão a planear um plano de extinção. Isto é o início de algo muito mais dramático."
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Em comunicado, o Ministério do Ambiente acaba de sustentar que a decisão é da responsabilidade da Galp, e reconhece que está alinhada com uma estratégia necessária de transformação das indústrias dependentes do petróleo e do gás. No comunicado, o Ministério garante ainda que está preocupado com o futuro dos trabalhadores, acentuando a disponibilidade do fundo europeu para a transição justa.
Mas Telmo Silva discorda que a decisão esteja integrada numa estratégia em que a justiça social é respeitada. "O Ministério, quanto a isto, nada diz. Pelo contrário, apoia estas medidas. Então afinal a transição energética é justa socialmente, ou não é? É uma transição ou é uma rutura?"
"Para nós, é completamente nítido e transparente que aqui na área do Porto vai ficar reduzida a um parque", alega ainda, referindo-se ao prejuízo para a região Norte do país.
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