Bloquistas assumem-se como "a terceira força política".
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Sem ter certezas sobre os resultados finais, Catarina Martins disse, pouco passava das 22h30, que "se o Partido Socialista não tiver maioria absoluta e precisar de apoio parlamentar tem duas opções". A primeira acrescentou a líder bloquista, é uma "solução de estabilidade que assuma a reposição de direitos e rendimentos ao longo da legislatura" e a segunda, acrescenta Catarina Martins "realizar negociações ano a ano para cada orçamento".
Catarina Martins envia uma mensagem clara ao PS e a António Costa de disponibilidade e, se a primeira opção não se realizar, o Bloco de Esquerda estará também disponível para a negociação "caso a caso". "Aqui estamos, aqui estaremos para qualquer cenário para lutar pelos compromissos que afirmámos desde o primeiro dia com todo o país", afirmou Catarina Martins na presença de uma sala cheia no teatro Thália, em Lisboa.
A líder bloquista já tinha dito que saudara "António Costa pela sua vitória e sei que tem todas as condições para formar governo" e numa curta referência à direita afirmou que esta é uma "derrota histórica " para PSD e CDS.
Foi precisamente por causa do CDS que os simpatizantes e militantes do Bloco de Esquerda que já estavam em grande número no teatro Thália, às 20h00, bateram palmas às primeiras projeções das televisões, primeiro ao Bloco, pelos resultados que se vieram a confirmar, e depois aos centristas pela baixa projeção.
As projeções das televisões para a abstenção que davam valores próximos dos de há quatro anos, se não superiores, foram comentadas pela cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua como "um fenómeno sobre o qual todos os partidos devem refletir".
"Terceira força política"
Jorge Costa, dirigente do Bloco e diretor de campanha foi o primeiro a subir ao púlpito para comentar as sondagens dizendo que, a avaliar pelas projeções o "Bloco confirma-se como a terceira força política".
Há quatro anos o Bloco de Esquerda teve 10,22% dos votos, com mais de 550 mil votantes e elegeu 19 deputados. Ainda sem serem conhecidos os resultados finais oficiais em todos os círculos eleitorais, o Bloco de Esquerda perde dois deputados, um na Madeira e outro no Porto.
Em contrapartida elege dois em Aveiro e dois em Braga, onde só tinha um em cada distrito. Contas feitas, fica com os mesmos 19 deputados da última legislatura, ainda que com menos votos e percentagem mais baixa do que em 2015.
José Maria Cardoso, pelo círculo de Faro, foi o primeiro deputado eleito oficialmente pelo Bloco de Esquerda, o que motivou uma enorme ovação na sala. Cenário que se repetiu, no Thália, noite dentro, sempre que vários responsáveis do Bloco entravam na sala, para anunciar os candidatos que iam sendo eleitos. A maior parte deles ficaram sentados no chão do Thália, em frente às televisões, até ao fim do discurso de António Costa e aplaudiram as declarações do primeiro-ministro quando anunciou a "vontade firme de negociar" com os partidos da geringonça.
Catarina Martins ainda teve um aparecimento breve na sala, para se despedir de todos.