A três dias do Natal as instituições do país tentam fazer de tudo para que os seus utentes possam ter "uma quadra" o mais normal possível.
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A pandemia obriga a regras apertadas e a muitas concessões. Em Bragança, por exemplo, os utentes da ASCUDT - Associação Socio-Cultural dos Deficientes de Trás-os-Montes, vão passar o Natal com a família de todos os dias e a consoada tradicional, as prendas de sonho e as conversas com a família de sangue não vão faltar.
Que o diga Maria Luísa. Tem 51 anos e há quatro está na ASCUDT. É o primeiro que não vai a casa no Natal. "Sim, é. Ia ver o meu filho, passava uns dias com ele para matar saudades. Este ano temos que nos proteger, por causa da pandemia."
Na Associação Socio-Cultural de Deficientes de Trás-os-Montes em Bragança, a festa de Natal foi na semana passada. Todos pediram um presente de sonho. Maria Luísa já recebeu o dela: "Sim, umas botas. Era isso que queria. Vou passar aqui o Natal. Estamos em família."
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Uma família de 40 pessoas com necessidades especiais da qual faz parte António Gouveia. É da aldeia de Parada, Alfândega da Fé. Tem 56 anos e não tem família. "Não tenho lá ninguém. Não tenho pai nem mãe nem família direta nem nada. A minha casa é, propriamente, aqui", desabafa.
A sua prenda de sonho ainda não chegou mas foi um sonho ver chegar o pai natal à instituição...não trazia renas mas trouxe cavalos. "Ver os cavalos parecia um sonho e realmente era um sonho que se concretizou. Ver os cavalos com as charretes, era o Pai Natal, era o Pai Natal", afirma com uma felicidade no olhar.
À ASCUDT ainda não chegou nenhum caso de Covid-19. Das 40 pessoas que ali estão, apenas 5 vão a casa. Quando voltarem cumprem isolamento. Os restantes ficam. "A maior parte dos familiares também não tem condições para os acolher. Habitualmente iam consoar ou passar o almoço de Natal ou a semana toda, agora com a pandemia não podem ir", salienta Manuela Miranda a diretora da instituição.
Mas isso não vai interferir com a festa de Natal, acrescenta "Dia 24 vão ter a ceia como habitualmente todos os anos têm, com o polvo, o bacalhau, as filhoses, o bolo-rei e no dia 25 vão ter o leitão e o peru, tudo o que é típico do Natal".
E de sobremesa uma videochamada. "Criámos uma sala de afetos que é esta sala onde estamos, com um cenário típico de Natal onde vão ser realizadas as videochamadas com os familiares. Já estão a ser agendadas há mais de uma semana. Pelo menos para matarem saudades".
É desse momento que Maria Luísa mais espera... Por causa do filho. "Vou poder falar com ele para ver se está tudo bem... Isso é o mais importante."