A peça "O Marinheiro" de Fernando Pessoa, que estreava na próxima semana, fica adiada para novembro.
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Depois de ter sido excluída do Programa de Apoio Sustentado às Artes da Direção-Geral das Artes (DGARTES), a Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) viu com surpresa que o grupo teatral que está a ser apoiado para fazer trabalho na região, o Teatro do Elétrico, com sede na Amadora, estreou o seu novo espetáculo, em Lisboa.
"O espetáculo que eles estrearam com base nesse financiamento aconteceu há poucos dias no Teatro S. Luís, em Lisboa", estranha Luís Vicente. "Estão a fazer-se espetáculos com dinheiros que pertencem ao Algarve", exclama desagradado o diretor da ACTA. "Houve até um órgão da imprensa que falou sobre o assunto e imagine que à estreia foram o presidente da Assembleia da República, a ministra Ana Catarina Mendes e o ministro João Costa", lamenta.
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Só amanhã a peça "O Livro de Pantagruel", da companhia Teatro do Elétrico, estreia em Loulé. Este é o único concelho do Algarve onde esta estrutura se propõe fazer trabalho, ao contrário da ACTA que percorria a região com os seus espetáculos.
Entretanto, a Direção Geral das Artes abriu um Concurso Pontual de Apoio à Criação, mas com a demora no lançamento do resultado, que devia ter sido conhecido até final de maio, a companhia algarvia teve de adiar um espetáculo.
A ACTA tinha agendada a estreia da peça "O Marinheiro" de Fernando Pessoa para dia 28 de julho, mas já a protelou para novembro. Luís Vicente considera impossível avançar com um espetáculo que necessita de quatro atores no palco e outras tantas pessoas de apoio na retaguarda sem apoio financeiro.
O diretor da ACTA lamenta que o Governo fale muito em coesão territorial, mas nada se veja no terreno. "É esta realidade territorial, uma companhia da Amadora vir receber dinheiro pelo Algarve e estrear o espetáculo em Lisboa", ironiza.
Neste processo, a Companhia de Teatro do Algarve foi obrigada a despedir seis pessoas.