As faltas "são uma preocupação muito pequena" perante a nobreza da luta pelo clima
O representante das escolas públicas explica que, por questões de segurança, os professores têm de marcar falta aos alunos que faltarem às aulas esta sexta-feira por causa da greve climática.
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O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas explica à TSF que os alunos que faltarem esta sexta-feira por causa da greve climática terão falta, por questões de segurança. Filinto Lima sublinha, no entanto, que essa deve ser uma "preocupação muito pequenina perante a nobreza do ato" destes estudantes.
"Eu penso que é mesmo irrelevante face a um valor que prevalece que é o valor da manifestação por uma causa nobre que é o planeta, é o ambiente. As faltas dos alunos é uma preocupação muito pequenina perante a nobreza do ato desses alunos que irão participar nessas manifestações. Se eu tivesse um filho ou uma filha em idade escolar eu dizia ao meu filho para faltar às aulas para participar neste evento e eu depois entender-me-ia com a escola", adianta à TSF.
Filinto Lima vinca que "a escola não pode deixar de exercer o seu papel legal num dia que é especial para todos". O representante das escolas acrescenta que "os professores e os sindicatos bem aderiram a esta greve, mas não podem deixar de ser legalistas".
"Temos de marcar a falta, até porque se nós não o fizermos um aluno pode ter qualquer acidente fora da escola e os problemas vão surgir para as escolas", defende.
No mesmo plano, o diretor executivo da Amnistia Internacional - Portugal, Pedro Neto, diz entender a posição dos diretores das escolas, mas apela para "que esta atividade possa ser uma atividade da própria escola e que os alunos, os professores, as direções e as comunidades educativas, incluindo os pais, possam participar aqui também".
Pedro Neto acredita que esta greve não deve ser exclusiva dos estudantes: "A greve climática deve ser feita por causa da nossa vida, por causa da nossa sobrevivência. O planeta vai sobreviver e sem os seres humanos, mas nós não sobrevivemos sem os recursos do planeta. Aquilo que julgávamos que seriam alterações climáticas para 2050 e para a segunda metade do século XXI estão a apressar-se e a antecipar-se. Temos de reagir a isso e temos de dizer alto e em bom som aos nossos Governos que é preciso medidas concretas no imediato e não só como metas até 2050 ou até 2030."