A história por trás dos preservativos que serão distribuídos nos Jogos Olímpicos
Nove milhões de preservativos serão distribuídos no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos. A medida serve para encorajar o sexo seguro mas também para defender a floresta amazónica.
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Segundo o ministro da saúde do Brasil, cerca de 450 mil dos preservativos estão destinados aos atletas e staff dos Jogos Olímpicos, o resto será distribuído aos visitantes e turistas. Os preservativos serão produzidos - de forma sustentável - pela fábrica Natex, instalada no coração da floresta tropical brasileira.
O material em bruto para o fabrico dos preservativos é colhido na Reserva de Extração Chico Mendes, no estado nordestino Acre, onde muitos habitantes são devotos do santo padroeiro da extração de borracha, São João do Guarani, a quem fazem oferendas numa cerimónia anual.
A fábrica, gerida pelo Governo Federal do Acre, usa como matéria-prima resina recolhida de árvores-da-borracha por trabalhadores abrangidos por um programa desenhado para garantir a exploração sustentável da floresta tropical e deter a ação de madeireiros ilegais.
Os resineiros consideram-se os guardiães da floresta, durante décadas estiveram na linha da frente da pressão exercida sobre os líderes brasileiros no sentido de parar a desflorestação, em grande parte devida à limpeza de terreno para produção de gado, plantações de soja e extração de madeira. A causa que defendem é perigosa, e são já muitas as pessoas que foram assassinadas por madeireiros, entre elas, um ambientalista de renome, Chico Mendes.
A fábrica de preservativos existe hoje no local em que Mendes foi assassinado em 1988, em Xapuri. A sua morte ajudou a mobilizar o Governo para que tomasse medidas para proteger a floresta e os resineiros, o que levou à criação da fábrica, que produz hoje milhares de preservativos que são frequentemente distribuídos de forma gratuita em eventos de larga escala, como o Carnaval do Rio.