A IL de Rui Rocha: nas ruas, afastada do Chega e da esquerda e alternativa à oposição "frouxa" do PSD
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Com uma equipa assente em muitos dos nomes da direção de João Cotrim de Figueiredo, o candidato à sucessão Rui Rocha não se compromete a chegar ao Governo, mas avisa que o seu principal objetivo é tirar o PS do poder. Admitindo "eleições legislativas antecipadas", Rui Rocha quer "aumentar o grupo parlamentar" com a meta de 15 por cento dos votos.
Na moção de estratégia global da candidatura de Rui Rocha, definem-se os objetivos eleitorais de curto prazo, com eleições europeias e nas regiões autónomas, e fica escrito que o Chega não conta para acordos pós-eleitorais, assim como a esquerda.
"A estratégia pós-eleitoral da Iniciativa Liberal exclui, taxativamente, coligações ou acordos escritos com os partidos de esquerda responsáveis pelo atraso do país e com partidos de cariz populista e iliberal. Rejeitamos populismos, afastamo-nos dos extremos e recusamos a instrumentalização do medo e da frustração para obter ganhos políticos", acrescenta a candidatura.
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No entanto, mesmo com a porta aberta para o PSD, o candidato critica "a oposição frouxa ao PS" por parte dos social-democratas, um partido que "procura ser alternância em vez de alternativa". "sem energia reformista e com aversão a muitas ideias liberais".
Rui Rocha promete bater-se pelo fim da "cultura reinante do bipartidarismo", entre PS e PSD, com "uma estratégia eleitoral de liberalismo em toda linha".
Também o Presidente da República merece críticas de Rui Rocha, já que "tem exercido o seu mandato comentando temas superficiais e não agindo nos temas essenciais": "Tem sido conivente com a degradação das instituições democráticas".
Quanto aos objetivos eleitorais, com que Rui Rocha se compromete para os próximos dois anos, além dos 15 por cento em eventuais legislativas antecipadas, o partido quer eleger dois deputados regionais na Madeira, onde ainda não tem representação parlamentar.
Nas Europeias de 2024, o objetivo mínimo é a eleição de um eurodeputado, mas com "uma grande campanha, ideias consolidadas e candidatos mediaticamente fortes, a Iniciativa Liberal tem a ambição de eleger dois eurodeputados".
Nos Açores, onde os liberais já contam com um deputado regional, a meta de Rui Rocha é garantir o "primeiro grupo parlamentar liberal da região", com a eleição de dois deputados.
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Manifestações: "Liderar combate aos confinamentos"
Para captar novos eleitores, Rui Rocha promete continuar com uma "comunicação apelativa, inteligente e irreverente" nas redes sociais, mas também nas ruas do país, além dos grandes círculos urbanos de Lisboa e do Porto.
"Temos de comunicar fortemente novas bandeiras políticas em novos territórios, chegando a novos públicos", lê-se no documento.
As manifestações de rua são protagonizadas pelos partidos de esquerda, mas o candidato avisa que também a Iniciativa Liberal vai para o terreno "sempre que for politicamente oportuno". É o caso, por exemplo, da revisão constitucional que "o bloco centrar prepara".
Rui Rocha é contra "confinamentos administrativos", como aconteceu durante a pandemia, e considera que são "violações graves das liberdades individuais". O candidato quer mesmo "liderar o combate aos confinamentos", que PS e PSD admitem inscrever na Constituição sem acionar o estado de emergência.
Novas bandeiras: ambiente e revisão do calendário escolar
Com o objetivo de chegar a novos públicos, os liberais, com Rui Rocha na liderança, vão propor a revisão do calendário escolar, nomeadamente, "revendo a interrupção escolar do Verão, que é excessivamente longa, prejudicando pais e alunos na organização dos horários".
Rui Rocha defende ainda uma rede nacional e universal de creches, "articulada com os setores privado e social", que permita aos pais a conciliação da vida profissional com a vida familiar. Também no ensino básico, o código postal deve deixar de ser condição de acesso, para "os pais poderem escolher a escola dos seus filhos, pública ou privada".
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Na moção, Rui Rocha deixa ainda uma palavra aos professores, que devem estar "empenhados e motivados nas suas carreiras.", deixando críticas ao "fracasso" dos sindicatos.
"O maior fracasso dos sindicatos dos professores está à vista: à medida que o tempo passa, os sindicatos somam cada vez mais lutas, mas nenhuma vitória retiram delas. Os sindicatos que se têm tentado apropriar da classe dos professores não serviram ninguém que não os próprios sindicalistas", escreve.
No ambiente, a candidatura aposta em "autoestradas de águas", ou seja, "infraestruturas que permitam o transvase dos rios" para responder à seca. A dessalinização também deve ser uma das formas para responder aos problemas, "que pode ser e já é promovida com investimento privado noutros países".
Na instalação de energias renováveis, a candidatura vai bater-se pela simplificação da burocracia.
"Cheque TAP": distribuir dinheiro da privatização
Numa altura em que a TAP está no centro da atualidade, quando se soube da indemnização de meio milhão de euros a Alexandra Reis, a Iniciativa Liberal reforça que a companhia aérea deve ser privatizada o mais rápido possível, mas quer que o Governo distribua o valor pelos portugueses.
O apoio denominado "cheque TAP" deve ser distribuído depois da privatização, porque "se o Governo consegue gastar 3 200 milhões de euros em injeções na TAP, então conseguirá, com certeza, distribuir pelos portugueses o valor que receber".
Ora, Rui Rocha mantém a rota das privatizações defendidas por João Cotrim de Figueiredo, ou seja, além da TAP, também a RTP e a Caixa Geral de Depósitos devem ser vendidas aos privados.
No plano interno, além de uma revisão dos estatutos, o candidato propõe a redução das quotas doa atuais 60 euros para 40 euros, assim como o aumento da percentagem das quotas entregues aos núcleos de 33 por cento para 66 por cento.
O objetivo de Rui Rocha é que, no final de 2024, o partido tenha 121 núcleos distribuídos pelo país, abrangendo mais de 86% da população portuguesa.
