Há mais dois estudos que põem em causa a utilidade de um medicamente usado no tratamento da malária, no contexto da atual pandemia.
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A hidroxicloroquina é o objeto destes estudos que chegam de diferentes meridianos. Os investigadores franceses concluem que não há uma redução significativa de sintomas e efeitos em doentes com Covid-19 sujeitos a tratamento em cuidados intensivos, depois da utilização deste derivado da cloroquina, um dos fármacos mais usados no tratamento da malária.
Além disso, não diminui o risco de morte, se um doente estiver hospitalizado com pneumonia por causa da infeção. Em resumo, é um medicamento inútil, neste contexto.
O estudo francês baseia-se no acompanhamento de 181 doentes infetados com Covid-19 e que contraíram pneumonia, estando internados em vários hospitais de Paris. Quase metade foi tratada com o medicamento usado em doentes com malária.
Um outro estudo, chega da China, o primeiro país a sofrer com a pandemia e o primeiro a testar estes fármacos, neste contexto.
Os investigadores chineses dizem que a hidroxicloroquina não acelera a eliminação do vírus, em relação aos tratamentos padrão usados em pacientes leve ou moderadamente afetados.
Esta equipa, conclui ainda que os efeitos secundários provocados pelo uso de hidroxicloroquina são mais relevantes. Cerca de 30% dos doentes tratados com o medicamento da malária, reagiram com diarreias.
A metodologia foi semelhante ao estudo francês, mas os doentes acompanhados foram, no caso chinês, leves ou moderados. E também neste caso não se registaram variações relevantes, quanto ao avanço da doença, entre os doentes tratados com a hidroxicloroquina e os que foram sujeitos a tratamentos padrão.
Para lá de o objeto do estudo ser o mesmo, os dois estudos estão publicados na mesma edição do British Journal of Medicine.
A conclusão: não recomendam do uso da hidroxicloroquina, em pacientes infetados com Covid-19.
Para lá da malária, este medicamento é usado no tratamento de doenças autoimunes, como a lúpus, e ainda na artrite reumatoide.
Uma das polémicas criadas à volta do uso, no contexto da pandemia, teve precisamente a ver com o risco de uma corrida à cloroquina, e aos seus derivados, colocando em risco os doentes que mais precisam dela.
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