A "jogada política" de Cotrim e o receio da ala conservadora. O que esperar de Rui Rocha e Carla Castro na IL?
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Os dois caminhos para a Iniciativa Liberal (IL) separam-se logo no momento e na forma em que souberam da saída do atual líder: Se Rui Rocha apresentou a candidatura poucos minutos depois do anúncio de João Cotrim de Figueiredo, claro sinal de que saberia já da intenção, Carla Castro foi "apanhada de surpresa".
Esta diferença faz com que membros do partido, ouvidos pela TSF, considerem Rui Rocha como o candidato "da continuidade", mas há quem alerte para o risco de Carla Castro abrir o partido à ala mais conservadora.
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Rui Rocha tem o apoio do atual presidente do partido, João Cotrim de Figueiredo, e de grande parte da bancada liberal, na Assembleia da República, e os poucos minutos que levou a anunciar a candidatura à comissão executiva dão o sinal de "um regime quase monárquico" definido pela atual liderança: soa a "jogada política".
O candidato de 52 anos, licenciado em direito, recolhe elogios à forma como o geriu uma campanha em Braga, muito personalizada e quase a "solo", consolidando a presença liberal no território. A eleição de um deputado em Braga, que não fazia parte das expectativas iniciais, é justificada com o trabalho no terreno de Rui Rocha.
É objetivo da Iniciativa Liberal expandir-se pelo país, rompendo os círculos urbanos de Lisboa e do Porto, e Rui Rocha é visto por muitos como a figura ideal para protagonizar esse combate.
De assessora para líder do partido?
Já Carla Castro, de 44 anos, que foi incentivada por vários membros do partido a avançar, mesmo depois do anúncio de Rui Rocha, é vista como uma líder que pode trazer "novas figuras" aos liberais. Apesar das várias mudanças de líderes em poucos anos, os membros da comissão executiva "são quase sempre os mesmos".
A deputada fez percurso académica, e passou a assessora económica de João Cotrim de Figueiredo, quando assumiu o papel de deputado-único, e daí o lema da campanha: crescimento e mobilidade social.
O trabalho de Carla Castro no gabinete de estudos é elogiado por muitos, incluindo por Miguel Ferreira da Silva, deputado municipal por Lisboa que já anunciou o apoio à candidata. No entanto, a direção atual retirou-lhe protagonismo no órgão, quando foi eleita deputada.
Dos vários membros do partido, ouvidos pela TSF, há quem alerte para o risco de Carla Castro abrir a IL à ala mais conservadora, que tem criticado a direção nos últimos meses.
Dois candidatos e dois caminhos para a IL, a escolha que se vai colocar aos membros já na próxima convenção, marcada para dezembro. Ainda assim, entre Rui Rocha e Carla Castro está prometida "cordialidade", já que são colegas de bancada. E, no dia a seguir às eleições, a mensagem é que "tudo segue como dantes".
Notícia atualizada a 26/10
