A ligação de Portugal e Ucrânia através da cozinha. Refugiados ucranianos assinalam primeiro ano de guerra
Mykola já fala português, admite que gosta de "bacalhau, caldo verde e pastéis de nata" e junta-se a mais de 20 refugiados ucranianos para um debate e um cocktail na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.
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Mais de 20 refugiados ucranianos assinalam esta sexta-feira o primeiro ano de guerra com um debate e um cocktail na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Os 22 refugiados, que fugiram da guerra no ano passado, começaram o curso especial na Mezze Escola, dinamizada pela associação Pão a Pão, uma organização que se dedica ao apoio de refugiados.
O debate contará com a presença de representantes do Governo português e do Alto Comissariado para as Migrações. No último ano, na sequência da invasão russa, mais de 57 mil cidadãos da Ucrânia pediram asilo a Portugal.
A inicativa surge no âmbito do programa Mezze Escola, uma ideia incialmente pensada para migrantes em geral, mas que passou a ser em particular para ucranianos. A turma é composta por 22 alunos provenientes da Ucrânia e por um refugiado paquistanês.
Vão ser confecionadas várias especialidades ucranianas, entre as quais a bem conhecida "Borsch", uma espécie de sopa de beterraba. A ideia é ligar também a cultura portuguesa e ucraniana através da gastronomia.
"Com o ínicio da guerra percebemos que as necessidades básicas estavam a ser supridas, porque a sociedade civil mobilizou-se de uma forma extraordinária, mas seria necessário uma resposta exterior", explicou Francica Gorjão Henriques, uma das responsáveis pela Associação Pão a Pão, em declarações à TSF.
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Mykola é um dos refugiados da turma de 23 alunos. Chegou a Portugal no ano passado, é advogado e vivia em Dnipro. Descreve os primeiros meses em Lisboa como "emocianais e difícieis". O aluno de 22 anos agradece a partilha de conhecimentos através da cozinha, sublinhando que ter-se inscrito neste curso especial da Mezze Escola, que teve o apoio da Escola de Hotelaria e Turismo, foi uma grande ajuda neste processo de integração.
Além do orgulho que sente em ser ucraniano e na gastronomia do seu país, Mykola já fala português e admite que gosta de "bacalhau, caldo verde e pastéis de nata".
"Somos gratos por todo o apoio de Portugal", acrescentou. Para o professor e chef Ricardo Mourão, tem sido "um desafio muito grande" e "agradável" lecionar estes alunos, considerando que a cozinha acaba por ser um fator de aproximação.