"Eldridge Cleaver, Black Panther" é um documentário de William Klein com meio século (de 1970), mas cuja atualidade - temática, social, política - se mostra bem atual. Passa às 21h30 na Esplanada da Cinemateca.
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Após acusação de uma tentativa de assassinato, Eldrige Cleaver, militante do movimento Black Panther Party, exila-se na Argélia. O realizador e fotógrafo William Klein faz o retrato de "um homem multifacetado, escutando o seu discurso ativista sobre a revolução, a luta na América, os seus rivais políticos, como Nixon ou Reagan. Mas esta é também uma obra além da ideologia, o retrato de um revolucionário romântico, num exílio lírico e comovente".
Eldrige Cleaver foi escritor, ativista político e uma dos lideres iniciais dos Panteras Negras. Chegou a ter os títulos de Ministro da Informação e Chefe da Secção Internacional dos Panteras, enquanto estava foragido da justiça norte-americana em Cuba e na Argélia.
Em 1968, Cleaver escreveu "Soul on Ice", uma reunião de ensaios que, à época do lançamento, foi elogiado pelo The New York Times Book Review como "brilhante e revelador".
Depois de passar sete anos em exílio em Cuba, Argélia e França, Cleaver voltou para os EUA em 1975, onde se envolveu com vários grupos religiosos (como a Igreja da Unificação) antes de aderir aos mórmons e se tornar um conservador republicano. Foi detido por invasão de propriedade, consumo de cocaína; em 1990 começou um tratamento de reabilitação por causa do vício em crack, mas foi preso por posse de drogas pelas polícias de Oakland e Berkeley, em 1992 e 1994. Pouco depois da última detenção, mudou-se para o sul da Califórnia, onde morreu aos 62 anos.
Para Mafalda Melo, diretora e programadora do Indie Lisboa, tratando-se de um filme "sobre um homem, a sua revolução e a sua luta", não pode deixar de ser visto à luz dos acontecimentos recentes de contestação à violência racial e/ou policial nos EUA, "com os movimentos sociais surgidos nos últimos meses", nomeadamente após o assassinato de Georges Floyd.
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