"Decide sozinha quanto pescamos." Armadores não aceitam acordo entre UE e Noruega
O presidente da Associação de Armadores de Pesca Industrial disse à TSF que a União Europeia "não está disposta a defender os direitos da sua frota".
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A Associação de Armadores de Pesca Industrial não gostou do acordo celebrado esta quinta-feira entre o Conselho Europeu e a Noruega que determina uma redução da quota de pesca de bacalhau das frotas dos 27 estados-membros nas águas do arquipélago Svalbard.
No caso de Portugal, a quota de pesca decresce 11%, o que indignou os armadores de pesca industrial, mas não só. "Não são esses 11% que são o problema. Quer dizer, é mau, claro que é má a redução da quota. Mas ainda pior, é que agora a Noruega decide basicamente sozinha quanto é que nós pescamos", revela o presidente da associação, Luís Vicente, à TSF.
E ataca a posição da União Europeia (UE): "A União Europeia, que é o maior mercado de peixe da Noruega e que importa milhares de milhões de euros em bacalhau, em salmão e em outros produtos de pesca da Noruega, não está disposta a defender os direitos da sua frota quando a Noruega decide retirá-los unilateralmente. Isto é que é péssimo. Isto é que não compreendemos."
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A submissão da União Europeia perante a Noruega surpreende os armadores de pesca industrial, que tinham "esperança de que o Conselho não aprovasse isto" e que fosse "tão desastroso e tão mau".
"Eu sou europeísta e acredito que a união faz a força, mas, na pesca, a união enfraquece. Literalmente, esta fora da UE é melhor e sair da UE recebe-se prendas de quota extra", remata Luís Vicente.
No processo da saída do Reino Unido da União Europeia, a comunidade entregou 25% da quota de que dispunha para a pesca do bacalhau em águas do artico ao país insular, daí o lamento do presidente da Associação de Armadores de Pesca Industrial.