Pedro Araújo, investigador que coordena a obra do padre, explicou que o trabalho do autor "projeta muito bem o futuro de Barroso e o futuro de Trás Os Montes em geral".
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Esta terça-feira, são apresentados dois livros de António Lourenço Fontes, mais conhecido como padre Fontes. Memórias do Barroso e o terceiro volume da Etnografia Transmontana são as duas obras mais recentes do autor de Trás Os Montes, publicadas pela Editora Âncora.
A apresentação vai ser feita por Pedro Araújo, que há vários anos coordena a trabalho sobre a obra do padre. O investigador explica que "O Etnografia Transmontana é o terceiro volume e os primeiros volumes foram editados inicialmente nos anos 70 e, mais de 40 anos depois, o padre Fontes regressou" ao registo.
O terceiro volume, segundo Pedro Araújo, é "mais autobiográfico" e, quem leu os primeiros dois livros, sabe que "são de uma etnografia mais descritiva". Devido à idade do padre, o investigador explica que a obra mais recente já "se baseia em experiências pessoais".
"A obra do padre é muito vanguardista e quase profética que projeta muito bem o futuro de Barroso e o futuro de Trás Os Montes em geral", refere.
Quanto ao livro Memórias do Barroso, Pedro Araújo explica que "é uma compilação de textos mais aprofundados do trabalho que o padre realizou no seu jornal, o Notícias de Barroso".
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A apresentação vai decorrer no Eco Museu do Barroso, na sala que leva o nome do autor e no dia em que o Padre Fontes completa 82 anos. Contudo, Pedro Araújo garante que não se trata de uma homenagem, mas que o motivo fundamental é celebrar "o seu trabalho".
"O maior gosto que o padre tem não são medalhas, não são diplomas e não são discursos", desvendou Pedro Araújo, concluindo que são "as pessoas a trabalhar para Barroso, gente nova a envolver-se na cultura e a envolver-se nas dinâmicas da comunidade", perpetuando, assim "saberes, memórias e características de um povo que é ancestral".
O investigador recordou que, na Galiza, o padre Fontes é "reconhecidíssimo" e já teve inúmeras homenagens, mas falou da falta de "uma condecoração" do estado português que, a seu ver, seria "justíssima".
Pedro Araújo não fecha a porta a novos livros do padre Fontes, porque, na opinião do investigador, ainda "há muito ainda por fazer e há muito trabalho ainda para conhecer" sobre a "obra holística" do autor.