A final foi extenuante, durou cerca de 12 horas, mas o prémio conquistado, entre participantes de 40 países, valeu todos os sacrifícios e António Mezzero alcançou o título máximo no 17.º Campeonato do Mundo de Pizzaiolos, realizado em Nápoles.
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Italiano, radicado em Portugal há uma década, mais precisamente em Matosinhos, onde abriu uma pizzaria com o seu nome, Mezzero, revelou «gostar das pessoas e do país», após ter vivido durante 20 anos na Alemanha, para onde emigrou ainda muito jovem com a família.
O italiano, que desfraldou a bandeira portuguesa no momento de erguer o troféu mundial, o que terá provocado algum mal estar entre os seus compatriotas, confessou a chave para ter êxito:
«O segredo é ter paixão naquilo que faço todos os dias. E, neste aspeto, os segredo foi Portugal, um país que não tem cultura de pizza e que me obrigou a melhorar constantemente. O maior júri está na pizzaria, são os clientes, que julgam diariamente o meu trabalho e me obrigam a ser cada vez mais perfeito e esse grau de exigência tem ido fundamental para melhorar».
Para Antonio Mezero, embaixador da pizza napolitana em Portugal, o nosso país «tem algo de especial. Aqui organizei o primeiro campeonato de pizzas, formei uma seleção que foi campeã do mundo e fiz a harmonização com vinho do Porto, um produto de uma região Património da Humanidade, tal como a arte dos pizzaiolos napolitanos. Os portugueses sentiram a minha paixão, pois caso contrário não era possível ter este sucesso», sublinha.
O forno está aceso com lenha de azinho para dar calor - a temperatura no interior atinge valores da ordem, dos 450 a 480 graus -- e de sobreiro para proporcionar boas brasas, e Mezzero explica com entusiasmo:
«A qualidade principal de uma boa pizza, em termos de confeção, está na estalada, repetida várias vezes, que dou à massa fermentada e estendida, depois de aberta a bola inicial, do meio para fora. O segredo está na borda, que não pode estar colada, consequência da formação de gás carbónico. A borda é o pulmão da pizza», enfatiza.
Colocada a pizza, que deve ser loira, sobre a pá, o campeão mundial introdu-la no interior do foro durante 60 a 90 segundos, antes de a retirar com o um golpe rápido. «No campeonato, consegui um dos recordes, com 62 segundos», diz a sorrir. «No futebol são noventa minutos; aqui, noventa segundos», compara, aludindo à modalidade que lhe tem valido muitas amizades. A tal ponto que, para não ferir suscetibilidades clubísticas, prepara-se para abrir uma pizzaria em Lisboa. «Um espaço familiar, não muito grande, para 30 a 35 pessoas no máximo», adianta António Mezzero, um italiano campeão do mundo das pizzas, que se perdeu, literalmente, de amores por Portugal.