Um top, umas cuecas, uma selfie, e um olá a piscar o olho com inspiração na aplicação Snapchat são a imagem de marca da renovada e icónica revista, que quer atacar o público mais jovem já a partir de março.
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O que é a Playboy sem nudez? É como um exercício de imaginação, em que se fala muito de um tema sem nunca o ver realmente. É mais ou menos como um conjunto de textos de viagens apenas com fotografias de um globo ou de um mapa, ou de histórias de carros com imagens de miniaturas de prateleira. Ou então é apenas uma questão de perspetiva.
Na edição de março da revista, a nudez não foi embora, apenas a frontal, o que obrigou a uma maior imaginação por parte dos fotógrafos, isto numa altura em que qualquer pessoa, numa questão de segundos, consegue descarregar para o computador as fotografias que deram fama à Playboy, desde 1953, ainda com Marilyn Monroe, o primeiro grande investimento de Hugh Hefner.
Há uma outra questão que salta à vista. Os fotógrafos da Playboy abandonaram o Photoshop e as fotografias são apresentadas ao natural, sem a perfeição que caracterizava a revista. Mas há mais, desde o desaparecimento da expressão "entretenimento para homens" ao layout carregado da capa, que caracteriza a revista desde os anos 70.
E como é a capa da revista? Uma ode ao público mais jovem, aquele que a revista quer cativar desde que lançou o novo site, seguro para ser visto no trabalho, e cujo tráfego aumentou 400% com a idade média dos interessados a cair dos 47 para os 30 anos. Na capa, aparece uma miúda de top e cuecas a tirar uma selfie na aplicação Snapchat, com um "olá" a piscar o olho como mensagem que acompanha a fotografia. No fundo, um convite provocador a folhear a nova versão da revista.
Dificilmente se encontra uma combinação mais jovem do que uma selfie e o Snapchat, a aplicação que fez do seu fundador, Evan Spiegel, o jovem mais rico do mundo, capaz de recusar uma proposta de quase três mil milhões de euros de Mark Zuckerberg pela sua criação. Segundo os estudos, é a aplicação mais popular entre os jovens, com 45% dos seus utilizadores com idades entre os 18 e os 24 anos.
A meio da revista, naquela parte em que aparece uma fotografia que ocupa as duas páginas, a Playboy escolheu apresentar ao mundo Dree Hemingway, modelo norte-americana e bisneta de Ernest Hemingway, ao estilo "Eva perdida e envergonhada no paraíso". A escolha de Dree é um sinal de respeito pela história da revista, já que a sua mãe, Mariel, e a sua tia, Margaux, foram capas da Playboy nos anos 80 e 90.
São muitas alterações na Playboy, que podem ou não vir a resultar no aumento das subscrições, que caíram de 5,6 milhões para 700 mil em 40 anos, muito por força da internet, onde as imagens continuarão a aparecer, sem grande esforço. Com ou sem sucesso, vai ser certamente mais fácil dar a clássica desculpa "compro a revista para ler os artigos".